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Especialista mostra os principais conflitos de interesse em empresas familiares

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Um dos maiores desafios entre as organizações está na habilidade de gerir pessoas e este é um problema, inclusive, em empresas familiares.

Embora as lideranças hoje estejam mais autoquestionadoras sobre o seu papel sobre as equipes, ainda há um cenário em que predomina a falta de transparência, autoritarismo e, sobretudo em empresas familiares, há ainda o orgulho e recusa ao diálogo.

De certa forma, isso explica por que no Brasil há 90% de empresas comandadas por núcleos familiares e apenas 30% chegam à segunda geração (conforme pesquisa de 2018 do Insper), o que quer dizer que durante a pandemia muitos problemas se agravaram e muitas empresas fecharam as suas portas.

Com mais de 35 anos no mundo corporativo e desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, hoje trago algumas reflexões sobre conflitos de interesses em empresas familiares.

O conflito de interesses é um ponto central que inicialmente gerou debates sobre governança corporativa.

Compreendendo a origem do conflito de interesses

O conflito ocorre quando os interesses secundários de uma pessoa envolvida em uma decisão não estão de acordo com o interesse coletivo de uma empresa (ao qual se deve esforços para a garantia de integridade).

Esses ganhos secundários podem estar ligados a ganhos financeiros particulares, mas também a outras ‘vantagens’, como as decorrentes de relações pessoais com perfis de pessoas com poder decisório.

O conflito existe ainda que não haja influência efetiva do interesse secundário sobre a decisão final de uma organização. Pessoas que agiram de maneira antiética costumam usar a justificativa de que suas decisões não afetaram a empresa, mas o conflito tem início antes da decisão, ou seja, tem início na conduta contrária às políticas do negócio.

Alguns dos principais conflitos de interesses em empresas familiares

Não há diálogo

Para que uma organização sobreviva e expanda no mercado é necessário que haja comunicação interna. Em empresas familiares, a falta de diálogo entre os membros do negócio gera desestruturação nas negociações. Comunicação é via de mão dupla e, em muitos casos, percebo que a comunicação em empresas familiares costuma ser unilateral.

Protecionismo

Em empresas familiares é muito comum a sensação, por parte dos filhos, por exemplo, de que serão os sucessores naturais da organização e, em muitos casos, essa nem sempre é a realidade, é preciso haver preparo e habilidades para gerir o negócio, independentemente de filiação.

Esses conflitos precisam ser administrados cuidadosamente para evitar problemas como desavenças familiares, ausência de profissionalismo na condução do negócio e até mesmo batalhas judiciais.

Rivalidade entre membros da família

Entre os principais conflitos de interesses em empresas familiares também está a rivalidade, que costuma ocorrer mais frequentemente entre irmãos em casos de decisão sobre quem irá suceder o patriarca no negócio. Este costuma ser o conflito que mais pode arruinar empresas.

Sensação de ‘posse’ do negócio

Em empresas familiares é comum que a administração seja realizada por uma mesma pessoa durante décadas, cria-se uma sensação de ‘posse’ que costuma ser muito prejudicial, principalmente porque o gestor tende a ter resistência para delegar funções de maior responsabilidade aos demais membros da empresa.

Gerações em conflito

É recorrente a percepção de que uma nova geração ‘irá colocar a solidez do negócio água abaixo’, isso porque é uma tendência de que a próxima geração rompa com a mentalidade antiga, queira inovar, etc. É comum que cada membro acredite em uma melhor direção para o negócio, mas vale ressaltar que muitas vezes o caminho para o crescimento está justamente em novas condutas e romper com alguns pensamentos engessados ao longo dos anos.

Influência de familiares externos

Outro problema comum é quando familiares próximos ao negócio decidem opinar sobre a administração, porém é fundamental que se estabeleçam limites, afinal, a empresa precisa de uma maior neutralidade em sua gestão e quebrar com a ideia de que a empresa seja de toda a família.

Pais que impõem que seus filhos devem trabalhar na empresa

Em empresas familiares é preciso que haja a consciência de que as pessoas que fazem parte da gerência do negócio precisam ter habilidades e interesse em assumir funções. Não se deve decidir por membros, baseando-se apenas em laços consanguíneos, aliás, este costuma ser um dos grandes problemas em empresas familiares, assim como o de afastar as pessoas que não estejam cumprindo da melhor maneira o seu papel.

Dificuldade em desligar pessoas que não ‘performam’

Relacionado ao tópico anterior, dentre os principais conflitos de interesses também está a superproteção de membros dos negócios apenas por conta do parentesco, sem considerar a ausência de competências e até mesmo compatibilidade e valores.

Problemas na escolha do sucessor da empresa

Não é à toa que é necessário um grande preparo antes da sucessão, afinal, haverá divergências entre membros sobre a melhor escolha. Aqui vale lembrar mais uma vez que não deve ser considerado o grau de parentesco acima das habilidades e competências.

É muito comum e recomendado, inclusive, a contratação de conselheiros externos para auxiliarem no processo de tomada de decisões que têm como foco apontar o futuro do negócio.

Além dos conflitos externos, referentes ao mercado no qual a empresa está inserida, é preciso avaliar que conflitos internos podem prejudicar ainda mais empresas familiares, por isso, resolvê-los antes que se tornem maiores e irreversíveis, é fundamental.

Carlos Moreira – Há mais de 35 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria) e CCO (Diretor Comercial e de Marketing).

Com informações da Assessoria de Imprensa

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