José Valdeci de Souza Martins
É revoltante o tratamento dado pela mídia comercial sobre tema como este que cito acima. Ontem, em um canal de televisão, uma matéria falava dos acidentes por motos. A crítica do especialista, um psicanalista, ainda que verdadeira, só olhava para a questão do indivíduo que busca emoções fortes e risco de vida, sem considerar o papel do conjunto de valores que o tema requer. As soluções apresentadas sugeriam o aumento de aulas de auto-escola aos interessados em ter carteira na categoria A. É uma bobagem. A questão é profunda e complexa. De um lado, as possibilidades de geração de prazer são potencializadas permanentemente por meio de “inovação” na produção e incentivo insistente ao consumo, de outro lado, são oferecidas novas formas de repressão social e psicológica.
Na questão dessas perplexidades, os veículos, são tantas as formas de “reforço” do ideal do carro que nem consigo listar, mas lá vão alguns: campeonatos de corrida “esportivos”, propagandas de postos de gasolina, programa sobre carros potentes e de luxo, revista especializadas, propagandas de carro, que reforçam os esteórotipos de gênero que reproduzem a necessidade de afirmação de potência sexual, que encontram um grande campo de exploração, uma vez que as masculinidades estão em transformação, inclusive por meio do consumo, mas os homens buscam se ancorar em consumos tipicamente masculinos. É uma tragédia que continuará, infelizmente, enquanto formos dominados pelo circuito TV – Shopping – musculação.
Por outro lado, é importante frisar que só leva multa quem infringe alguma regra de trânsito. Quem reclama da “indústria da multa” está adotando a típica postura brasileira de achar que as leis são para os outros. Será que as pessoas realmente querem resolver o problema, ou, no fundo, a maioria dos motoristas não acham melhor ficar como está? Para poder quebrar leis impunemente? Quer dizer, acham melhor até o momento em que perdem algum ente querido num acidente. Aí, começam a fazer campanha pela consciência no trânsito.
Não sendo radical, não tem que pagar multa, todo o delito de trânsito deveria ser punidas com cadeia, desde as mais “simples” infrações até as mais pesadas. Essa questão de pagar multa fica muito fácil. E o infrator reincidente (seja por qualquer tipo de multa) deveria perder pra sempre o direito de conduzir um veículo. Só quem já sentiu na pele a perda de um ente querido, sabe das impunidades das leis de trânsito. Muitas pessoas estão morrendo cada vez mais cedo porque não estão respeitando o transito as leis que foram criadas.
O que deve ser feito, é fazer com que os veículos dentro das cidades não trafeguem a mais de 40 km por hora, nesta velocidade você chega a qualquer destino, desde que tenha a consciência de sair mais cedo do seu local a qualquer itinerário. Faixas de segurança não resolvem. De segurança não tem nada, a solução são passarelas e túneis por vias muito movimentadas. A 40 km por hora, o choque entre dois carros equipados com itens como airbags e portas com barras de segurança causam apenas danos matérias. E mais, comportamento no trânsito deveria ser ensinado nas escolas e que em vez de multas, fossem apreendidas as carteiras e os veículos por tempos de 30 dias até não poder mais dirigir, dependendo da gravidade ou reincidência nas infrações.
Nossos parlamentares não querem que mude nada na legislação de transito muito pelo contrario querem abrandar. Já melhorou muito, mas já existiu projeto em que se parcelavam as multa, só foi cancelado, devido aos calotes. Já o uso do etilometro virou piada, pega só os coitados que desconhecem a lei. O judiciário trabalha para não punir ninguém é só fazer um levantamento e ver quanto foram punidos por dirigir embriagado. É notório, que mais de 90% dos motoristas que vão a delegacia acabaram sendo arquivados os processo judiciais sem punição alguma.
José Valdeci de Souza Martins – Membro da União Brasileira de Escritores – UBE-MS Bacharel em Administração de Empresas Policial Militar – Cb. PM. Graduado e Pós-Graduado em Estudos de Política e Estratégia pela UCDB/ADESG, XXI CEPE. Contato: valdeci3pontocom@gmail.com
