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Marxismo às avessas (Ednaldo Bezerra)

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03/09/2015 06h35

Marxismo às avessas

Muitos brasileiros têm na ponta da língua o discurso da justiça social.

Ednaldo Bezerra

Todos nós, brasileiros, queremos o melhor para o nosso país. Como ser humano, cada um deseja um mundo melhor, mais justo, sem conflitos e sem violência. Desejamos paz e bem-estar, tanto a nós próprios quanto ao próximo.

Muitos brasileiros têm na ponta da língua o discurso da justiça social. Mas a justiça social não cabe ao governo somente, ela começa com a gente, nos nossos atos do dia a dia, como por exemplo, ao pagar o preço justo por um serviço que nos foi prestado (sem nenhuma mesquinharia), ao dar uma esmola, ao ajudar uma instituição de caridade, e por aí vai.

No entanto, lamentavelmente, a justiça social parece que só fica mesmo no discurso, ou cabe exclusivamente ao outro, principalmente ao governo e aos empresários. Assim, com o dinheiro alheio, é muito fácil adotar um discurso socialista.

Mas o pior não é isso. O pior é a incitação que o socialismo faz, sobretudo os seus líderes, à briga entre empregados e patrões, pobres e ricos, camponeses e proprietários de terra, índios e brancos, etc. Porém, isso só faz acirrar os ânimos e desenvolver o ódio na sociedade. Além disso, a luta é desigual, e a corda sempre quebra do lado mais fraco – o empresário fecha a fábrica, vai à falência, enfim… Quem fica desempregado?

Vejo como perversa a utilização de nosso povo sofrido como massa de manobra. Sim, é isso que esses líderes fazem! O que faz com que o autoritarismo e a opressão aumentem e venham como rolo compressor! É muito triste ver a semente do ódio sendo plantada nas novas gerações. A meu ver, o pensamento marxista teria que ser às avessas, isto é, em vez de se colocar os mais fracos contra os mais fortes, dever-se-ia estimular a ajuda mútua entre eles (por exemplo, entre patrões e empregados), a fim de que seja construída a riqueza.

A conscientização da partilha justa deve ser trabalhada na cabeça do lado mais forte – ou seja, dos capitalistas. Portanto, estimular a luta de classes é nefasto para a nação, e tem um efeito contrário ao que se deseja com ela. Há que se desenvolver o espírito de união entre os brasileiros, se lutar por menos tributos e menos interferência do Estado. O Brasil precisa fortalecer as instituições democráticas, precisa de mais valores cristãos e de educação moral e cívica, para que seja construída uma sociedade mais justa e fraterna. Utopia? Pode ser! Mas acho que é menos impossível do que a maneira socialista de ser.

Para finalizar, me veio à mente agora a imagem de uma criança birrenta numa loja de brinquedos. Ela grita, esperneia, bate o pé, rola no chão, tudo para conseguir um carrinho de pilha. Se seu filho agisse desse modo, você lhe daria o brinquedo? Creio que não. No fim das contas, você é quem decidirá, de acordo com a sua vontade e a sua disponibilidade, e quando estiver convencido de que ele merece ser presenteado. É isso ou não é? Por que, então, seria diferente num contexto mais amplo?

Ednaldo Bezerra – escritor

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