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Esquecendo livros

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09/07/2017 12h25 – Por: Luiz Carlos Amorim

Eu venho “esquecendo” livros em aeroportos, navios, portos, em lugares públicos em outros países, inclusive, há vários anos. Foi uma ideia que surgiu inadvertidamente, sem nenhuma pretensão, mas que trazia prazer em fazer, pois é muito bom imaginar que alguém vai achar o livro e vai levá-lo para ler. E o que é melhor ainda, pode passá-lo adiante, depois, para que outras pessoas possam lê-lo, também.

Então fico sabendo, há pouco tempo, que minha amiga Norma, escritora e cronista da nossa Ilha de Santa Catarina, também faz isso há um bom tempo, sempre “esquecendo” livros por onde quer que vá. E ela até fica à espreita, às vezes, para ver a reacção da pessoa que vai achar o livro. A pessoa vai levar o livro, vai lê-lo ali mesmo e depois deixá-lo no mesmo lugar? Ela me disse que já se surpreendeu com o que viu. Por exemplo: uma pessoa apanhou o livro, inspeccionou-o, olhou para os lados, como para ver se alguém estava olhando, colocou-o na bolsa e foi embora, de fininho. Como se achasse um tesouro. Não é interessante?

Dia destes, recebi uma mensagem de um outro escritor, o poeta Roney, que anunciava o projeto “Esqueça um livro e espalhe conhecimento”, já na segunda edição neste ano de 2017, ou seja: está instituído o “Dia de esquecer livros”, no dia 25 de julho. O projeto conclama a todos a esquecerem livros na padaria, no banco da praça, nos pontos de ônibus, dentro do ônibus, dentro do trem, dentro do metrô, no restaurante, em todo lugar público. Até sugeria um bilhete para se deixar no livro a ser esquecido: “Você achou este livro, agora ele é seu”. Eu acrescentaria, como fazia na página de dedicatória dos livros que “esqueci” por aí: Leve o livro, leia e, se puder, esqueça-o em algum lugar público para que outra pessoa venha a lê-lo.

Tudo isso para dizer que essa gesto de “esquecer” um livro pode fazer a gente muito feliz. E faz. Outro dia, numa reunião de escritores que fizemos em Santo Antonio de Lisboa, deixei no restaurante um livro com a mensagem sobre a qual já falamos: leia e deixe o livro num local como este, para que outra pessoa o ache e possa ler. Pois no último final de semana, em outro encontro, uma nova adesão da nossa Confraria do Pessoas, a escritora Cláudia Kalafatás, com esse nome bonito e tudo, me dizia que foi ela a leitora que pegou o livro que deixei lá em Santo Antonio de Lisboa. E que ela já tinha copiado alguns poemas e já o tinha “esquecido” em outro lugar. Não é sensacional? Conheci uma das pessoas que encontrou um de meus livros, e ela me disse que gostou de alguns poemas e que até os copiou. É pra ficar feliz, vamos combinar.

E ainda ganhei de presente o livro da escritora, poetisa de mão cheia, que escreve coisas belíssimas como “Dimensão: Quero que meus olhos / contem aos teus / o quanto me és.”

Então, “esquecer” livros é fundamental. Quantos leitores lerão nossos livros “esquecidos”? Um, nenhum, muitos? Não importa. O que importa é que isso significa a oportunidade de ler, de gostar de ler, de ter e manter o hábito de ler para muitas pessoas. Significa incentivar a leitura. E leitura é tudo. É descoberta, é conhecimento, é entretenimento, é cultura. É oportunidade de uma vida melhor, pois estudar é

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 37 anos de literatura neste ano de 2017. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br – http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

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