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Dia dos Namorados e Valentine’s Day se parecem em uma coisa: nos bilhões

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11/06/2018 13h29

No dia 12 de junho, os casais brasileiros vão trocar chocolates, flores, livros, joias, roupas ou outros presentes para o Dia dos Namorados. Ao contrário de todos os outros países do mundo, o Brasil comemora a data em junho.

A data brasileira foi criada em 1948 por João Dória, pai de João Dória Jr., candidato ao governo de São Paulo nas próximas eleições, com a missão de melhorar as vendas do varejo brasileiro em um período do ano que o varejo esfriava. O dia 12 foi escolhido porque é a véspera do dia 13 de junho, já famosa no Brasil por ser o dia de Santo Antônio – o santo casamenteiro.

Nos Estados Unidos e na Europa, o Valentine’s Day é lembrado a cada dia 14 de fevereiro. O mesmo não ocorre em datas como o Dia das Mães, internacionalmente lembrado em maio, e o Dia dos Pais, a cada agosto.

As diferenças passam principalmente pelas referências históricas, mas hoje tendem a ser apenas parte de um mesmo fenômeno que acontece duas vezes no ano: um aumento significativo nas vendas de produtos dados como presentes. Nos EUA e na Europa, em fevereiro, e no Brasil, em junho. Mesmo com a intenção de lucrar, o Brasil ainda está longe da inspiração estadunidense no volume de dinheiro movimentado na data.

De acordo com a National Retail Federation (NRF), entidade que reúne os varejistas dos EUA, o dia 14 de fevereiro do ano passado movimentou US$ 18,2 bilhões (R$ 68,7 bilhões na cotação de junho), valores que ficaram abaixo do recorde de 2016, quando o Valentine’s gerou um fluxo de US$ 19,7 bilhões (R$ 74,3 bilhões) em vendas no país, e de 2015, em que foram gastos US$ 18,9 bilhões (R$ 71,3 bilhões).

As estimativas da entidade para 2018, que ainda não foram devidamente contabilizadas, era que o dia dos namorados estadunidense movimentasse US$ 19,6 bilhões (R$ 73,9 bilhões).

Nos EUA, mais da metade (55% da população) celebrou o Valentine’s Day no ano passado, um número ainda menor do que anos anteriores. Em 2007, por exemplo, 63% do país comprou algum presente para o dia. No entanto, os gastos com os produtos se expandiram significativamente, o que contribuiu para as altas de fluxos. Segundo a revista The Balance, especializada no mercado estadunidense, isso reflete a tendência de redução da desigualdade de renda no país desde 2000.

“Aqueles cuja renda vêm de ações, títulos e outros investimentos prosperaram mais do que assalariados. Também, empregos bem pagos de manufatura foram para países de custos baixos, como a China. As empresas substituíram trabalhadores por robôs em alguns setores”, diz um trecho de uma reportagem da publicação.

Segundo os dados da NRF, nos EUA as pessoas jovens estão participando mais da data do que os mais velhos. Cerca de dois terços dos indivíduos entre 25 e 34 anos celebram o feriado, e 60% daqueles entre 18 e 24 anos estão imbricados em comprar presentes ou sair para jantar no dia 14.

No país, entre os presentes mais procurados para a data estão doces (55%), cartões românticos (44,9%), jantares (35,2%), flores (35,6%) e jóias (19%). Só as confeitarias e indústrias de doces ganharam US$ 1,8 bilhão (R$ 6,7 bilhões) com o Valentine’s Day de 2017. As joalheiras, menores, mas caras, movimentaram US$ 4,7 bilhões (R$ 17,7 bilhões). Nos Estados Unidos, vale lembrar, a data é geralmente associada com pedidos de casamento, noivados e casamentos.

No Brasil, a Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou que as vendas do comércio para o Dia dos Namorados do ano passado movimentaram R$ 44 bilhões, uma alta de 4,5% em relação ao ano anterior, quando R$ 42,1 bilhões foram para o mercado.

Comparando os dois feriados, o Valentine’s estadunidense é 39,5% maior do que a data brasileira em volume de dinheiro movimentado – de R$ 68, 7 bilhões para R$ 44 bilhões, considerando os devidos contextos econômicos de cada país à época.

Os analistas do varejo elaboraram uma cesta dos 25 produtos e serviços mais demandados pelos namorados nessa época do ano. Entre eles estão roupas, jóias e bijuterias, chocolates, perfumes e jantares em restaurantes, que no ano passado sofreram com a inflação – juntos, registraram uma taxa acumulada de 4,8%.

“É a menor inflação para esse grupo específico de produtos em 10 anos. Desde 2007, a gente não tem uma inflação tão baixa para esse grupo específico de produtos”, comemorou Fábio Bentes, economista da CNC, no ano passado.

Só o segmento de vestuário e acessórios movimentou R$ 564 milhões no Brasil em 2017, de acordo com os dados da CNC. Ele representa 37% das vendas totais do varejo nessa data. Há, no entanto, uma cesta alternativa de produtos que vão desde celulares até notebooks.

Para a CNC, o quadro econômico do ano passado estava mais favorável do que o registrado em 2016, quando o Brasil estava imerso em crises econômica e política. A inflação voltou para abaixo da casa dos 4%, enquanto em 2016 estava em 9,3%, e a taxa Selic passou de 14,25% para 10,25%.

Em 2017 também houve a liberação dos recursos do FGTS de contas inativas na véspera da data comemorativa. Além disso, os indicadores de confiança do consumidor estão, desde então, mais de 10% acima do apurado nos períodos anteriores aos últimos dias dos namorados.

Assessoria de Imprensa

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