02/10/2018 17h35
A publicidade infantil rende muitos debates acalorados entre especialistas, educadores e o mercado. Hoje, a maioria dos anunciantes tomam como base o código do Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar) para produzir suas propagandas.
No Brasil, existem normas específicas sobre o assunto para nortear a comunicação infantil. Existem diversos produtos focado nos pequenos consumidores, desde alimentos, eletrônicos, brinquedos a vestuário e calçados, como, por exemplo, produtos da puma infantil.
A Resolução 163/2014 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), considera abusivo o direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança, pessoa de até 12 anos de idade, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo com a norma, portanto, fica vedada a distribuição de anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchandising, ações em shows e apresentações e nos pontos de venda.
Os produtos e as marcas, para as crianças, são os aspectos mais relevantes do mercado. Um estudo verificou que mesmo antes de saberem ler, as crianças já são capazes de reconhecer as embalagens e as marcas. Elas enxergam as marcas como necessárias e fundamentais para identificação da oferta. A publicidade abusiva, no entanto, pode prejudicar o desenvolvimento infantil segundo alguns grupos, já que estimula em excesso o consumismo.
No Brasil, o Instituto Alana, que atua em temas ligados à criança e o adolescente, possui uma série de iniciativas para fiscalizar e conscientizar a sociedade sobre a publicidade abusiva. Por meio do projeto “Criança e Consumo”, divulga e debate ideias sobre as questões relacionadas à publicidade de produtos e serviços dirigida às crianças, assim como para apontar meios de minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dessa comunicação mercadológica.
Para identificação dos produtos e das marcas, as empresas se utilizam de mascotes. São eles os responsáveis por gerar ligação emocional com as crianças. Possuem cunho divertido e simpático, raramente tendo algum impacto negativo nos pequenos. É o que afirma a pesquisadora portuguesa Ana Côrte-Real, que analisa os impactos e influência das marcas na vida das crianças, em entrevista ao portal Meio e Mensagem.
Para a especialista, apesar da regulamentação ser extremamente necessária, é importante desmistificar o fato de que a comunicação de marca é determinante e o único fator de influência infantil. “O que sabemos é que o agente de socialização mais importante da criança consumidora é sem qualquer dúvida, a família, como demonstram inúmeras investigações neste domínio”, diz. “Na verdade, a família constitui o grupo de influência mais próximo das crianças, e é no seu seio que as crianças se desenvolvem, que formam os seus hábitos de consumo, as suas crenças, atitudes e os seus valores”, explica a pesquisadora.
Assessoria de Comunicação