27/01/2021 18h30
O consumidor está feliz porque o preço do leite no supermercado baixou, mas o que parece uma boa notícia esconde, na verdade, uma série de distorções da cadeia produtiva de lácteos. Quem adverte é a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC).
O preço do leite UHT (longa vida) no varejo situa-se entre R$ 2,50 e R$ 3,00, resultado de um movimento dos laticínios que estão super estocados e, por isso, vendendo aos supermercados com bons descontos.
O preço final ao consumidor está, hoje, em baixa porque o consumo nacional caiu muito. Motivo: a queda do nível de renda das famílias decorrente da crise econômica (e do consequente desemprego) e do fim do pagamento do auxílio emergencial
É notório que os produtores de leite e as indústrias de processamento estão amargando prejuízos. O vice-presidente da FAESC Enori Barbieri alerta que a situação dos criadores de gado leiteiro está entrando em um nível insustentável e eles não suportarão uma redução (de parte da indústria) do preço pago pela matéria-prima (leite).
Vários fatores associados encareceram muito os custos de produção de leite em território catarinense. A seca e as exportações excessivas reduziram a oferta interna de grãos que compõem a nutrição animal. O milho aumentou mais de 50% e custa agora R$ 85,00 a saca de 60 kg. O farelo de soja está cotado em R$ 3.000,00 a tonelada.
Não há milho em estoque, nem silagem seca e nem pastagens formadas, por isso os criadores terão que comprar milho e ração no mercado para alimentar seus planteis, cujos preços estão proibitivos.
Barbieri mostra que a falta de pastagem e o alto custo da ração (milho, soja e outros insumos) prejudicam fortemente os produtores de leite. A queda na produção foi brutal – cerca de 40% – a ponto de derrubar Santa Catarina da quarta para a quinta posição no ranking nacional. O volume de 8 milhões de litros de leite diariamente produzido despencou para 5 milhões de litros.
Santa Catarina produz mais de três bilhões de litros de leite por ano, tem mais de 70 mil famílias envolvidas na atividade e 130 empresas (laticínios) que beneficiam o produto. O diretor da FAESC observa que “há um grande desânimo no setor porque os produtores rurais investiram fortemente em novas instalações, novos equipamentos, genética, treinamento e esperavam ganhos melhores ao longo desse ano.”
A Federação estuda um conjunto de medidas de apoio para apresentar ao Governo Federal através da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Se a pecuária leiteira não recuperar em breve sua viabilidade, os produtores podem abandonar a atividade e criar, no futuro, um cenário de escassez e, aí então, de alta nos preços.
Assessoria de Imprensa