Recebi um post no Whatsapp, da minha amiga Chris Abreu, poeta dos dedos cheios de poesia, de um mensageiro poeta. Sim, mensageiro mesmo, funcionário do correio, que se encantou com a poesia e passou a ser carteiro-poeta. Ele passou a entregar as cartas com poemas: entregava a correspondência com uma folha no meio que continha um poema e o poema, quase sempre ou sempre era dele.
Tenho escrito muito sobre as tantas maneiras que tantas pessoas encontram para divulgar a poesia. E essa é uma maneira bem original. O carteiro-poeta Cleyton Mendes, com sua poesia misturada à correspondência, me lembrou o meu projeto Poesia Carimbada, que consistia em carimbos que imprimem poemas inteiros, que eu usava em minha correspondência enviada, no verso do envelope, quando a gente enviava cartas escritas pelo correio. As pessoas recebiam minhas cartas, sobre o assunto que fosse, com um poema carimbado no envelope.
Aí me vem o poeta-carteiro, entregando a sua poesia a domicílio. Tem coisa mais bonita? Receber notícias boas, outras nem tanto, contas, etc. e – pasmem – poesia. Um poema do carteiro-poeta, para alegrar o dia, como este: Sorria / pra afastar a melancolia. / Sorria / pois pra tristeza / é a melhor terapia. / Sorria, / sorria, / Só ria / Pois o seu riso / é pura poesia.
Como o próprio carteiro-poeta diz, “ele é portador da poesia-mensageira: carteiro leva mensagem para as pessoas; poesia leva uma mensagem para a alma, para os corações.” Ele diz também que “a poesia não está só nos livros, a poesia está no olhar de quem vê”. E não é verdade? A poesia pode estar em tudo, depende da nossa capacidade de vê-la. Então ela está dentro do nosso olhar.
Obrigado, poeta-carteiro, por ser mensageiro da poesia. Escreva muitos poemas e seja o mensageiro que vai levar a poesia até o ouvinte, até o leitor. O mundo está muito duro, ele precisa de poesia para mudar para melhor. A poesia é necessária. Ainda mais nos tempos atuais, com a pandemia grassando e deixando a nossa vida e o nosso mundo mais complicados.
E para terminar, a mesma Chris dos dedos cheios de poesia me avisa que aquelas pessoas que ficam nas sinaleiras pela cidade estão distribuindo o quê? Poesia. Manuscrita, escrita em pequenas folhas de caderno, oferecidas quando o sinal fecha e o sinal se abre para a poesia.
Obrigado a todos vocês, multiplicadores da poesia. Eu os saúdo, este é o meu tributo a vocês.
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 41 anos em 2021.