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A “propaganda” da fé no campo da cibercultura

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É essencial que, no tempo atual, utilizemos de todos os meios de comunicação que melhor atingem o âmago da sociedade, para perpetuar o andar de cidade em cidade iniciado pelo próprio Cristo, e continuado pelos apóstolos na proclamação do reino. “Andar de cidade em cidade a proclamar, sobretudo aos mais pobres, e muitas vezes os mais bem dispostos para o acolher, o alegre anúncio da realização das promessas e da aliança feitas por Deus, tal é a missão para a qual Jesus declara ter sido enviado pelo Pai”. (Evangelii Nuntiandi 6)

A “propaganda” da fé no campo da cibercultura

Nos primeiros séculos do Cristianismo, esse anúncio se serviu dos meios existentes mais eficazes, de forma que o Evangelho pudesse ser passado para outras gerações até chegar a nós vinte séculos depois. E somos agora a geração responsável por levar o Santo dos Santos até as pessoas, em diferentes nações e culturas.

Isto fica bem esclarecido como uma ordem da própria Igreja no número 45 da Envagelii Nuntiandi: “No nosso século tão marcado pelos mass media ou meios de comunicação social, o primeiro anúncio, a catequese ou o aprofundamento ulterior da fé, não podem deixar de se servir destes meios conforme já tivemos ocasião de acentuar. Postos ao serviço do Evangelho, tais meios são susceptíveis de ampliar, quase até ao infinito, o campo para poder ser ouvida a Palavra de Deus e fazem com que a Boa Nova chegue a milhões de pessoas. A Igreja sentir-se-ia culpável diante do seu Senhor, se ela não lançasse mão destes meios potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados.”

Desde a primeira vinda de Jesus, Deus, na plenitude dos tempos, quis entrar na história da humanidade, quis interagir com o homem, não para nos dar conceitos, ideias, mas dar a si mesmo e, segundo o parágrafo 22 da Gaudium et Spes “por Sua encarnação, o Filho de Deus uniu-se de algum modo a todo homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano.”

Diferentemente, da Antiga Aliança, quando apenas uma vez por ano, somente o Sacerdote puro podia ir além do véu e entrar na pequena sala separada do templo chamada de Santo dos Santos, local do tabernáculo, onde estava a arca da aliança, para ali oferecer em sacrifício um cordeiro sem mancha. Aquele local era por excelência onde Deus se manifestava e comunicava-se ao seu povo.

E assim, a partir do Novo Testamento, ao encarnar-se, viver, morrer e ressuscitar, Jesus “rasgou o véu que nos separava”, e isso significa que foi destruída a separação que havia entre os homens comuns e Deus, pois por seu sacrifício, Jesus abriu-nos o caminho para a presença d’Ele.

A novidade do Evangelho, a proximidade de Deus, fez com que aqueles que haviam experimentado o seu Amor e testemunhado a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo, não só aderissem ao que Ele lhes havia ensinado, mas propagassem seus feitos com ardor no coração por todos os lugares. Apaixonados por um Deus próximo, acessível, os primeiros cristãos, aqueles que conviveram com Jesus, tornaram-se inevitavelmente apóstolos, ou falavam de Cristo, ou não se amava a Cristo.

Evangelizar é uma obrigação que se impõe para todo aquele que experimenta diariamente a presença de Deus, que antes era reservada apenas para os sacerdotes, que entravam uma vez por ano no templo.

No contexto da cibercultura, fazer propaganda da fé utilizando-se dos meios de comunicação social é ter em mente que ao fazê-lo, opta-se por adentrar num lugar pouco evangelizado tal e qual os reinos pagãos nos quais ousaram entrar os apóstolos.

Não lançar mão dos meios de comunicação, das redes sociais para evangelizar, é velar novamente o templo como no Antigo Testamento, e separar a humanidade da presença viva, eficaz e cotidiana do Deus vivo.

Por Kaique Duarte – seminarista da Comunidade Canção Nova. 

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