A cada dia que passa o Judiciário cai no conceito dos brasileiros. E faz por merecer. Recentemente, li um artigo que dizia que esse poder é um dos maiores sistemas de distribuição de renda existentes. Confesso: é difícil não concordar com a autora.
Nenhum agente público ganhou tantos benefícios durante a pandemia como os membros do Judiciário. Nem mesmo os deputados federais, campeões em penduricalhos. Em apenas um ano de pandemia, juízes e procuradores federais receberam R$ 543 milhões em benefícios nos seus contracheques. Enquanto isso, os mais pobres fazem sopa de ossos para sobreviver.
A renda da população mais pobre foi a que mais caiu nos dois últimos anos. Enquanto isso, somente em 2020, cerca de 8 mil juízes receberam salários acima de R$ 100 mil – aqui, uma informação importante: o teto salarial é inferior a R$ 40 mil mensais.
E há casos medonhos. Entre eles, uma juíza que recebeu R$ 100 mil em auxílio-moradia apenas por mudar de estado. Mas não para por aí: um desembargador do Rio de Janeiro recebeu mais de R$ 72 mil reais de indenização de transporte. Aparentemente, há membros do Judiciário muito mal de saúde também, já que uma desembargadora do Maranhão recebe R$ 334 mil de auxílio-saúde. Isso sem falar do ”modesto” auxílio-refeição de R$ 163 mil de um desembargador do Amapá.
É vergonhoso que um país gigante por natureza como o Brasil sofra de um problema como esse. É um absurdo. Ainda mais vindo do poder que deveria – está lá na Constituição – zelar pela lei e pela ordem institucional.
Por Antonio Tuccilio – presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos