Segundo os historiadores, a origem da irrigação se confunde com a origem da agricultura, pois esses dois métodos sempre estiveram ligados, uma vez que a agricultura se originou nas cheias dos rios, principalmente o rio Nilo, no ano de 4.500 AC.
No entanto, em algum momento da história elas se separaram e a irrigação deixou de ser uma prática essencial para a agricultura e passou a ser simplesmente um método de substituição à falta de chuvas. E o pensamento adotado é simples: Não chove eu irrigo, chove eu não irrigo.
Mas, vamos retornar aos bancos da escola. Quando estudei biologia, aprendi que a fotossíntese das plantas é a utilização de gás carbônico junto com água para a produção de carboidratos (CO2 + H2O = C6H12O6) e que esse carboidrato seria utilizado pelas plantas de diversas formas: crescimento, produção etc. Se retirarmos da fórmula química a água, obviamente não teremos mais esse carboidrato e com isso haverá queda na produção agrícola.
Mesmo com esse conhecimento, a irrigação não está entre os principais investimentos, sendo considerada mais um bem de luxo do que um sistema de produção.
Mas, o que temos que ter em mente é que a água é um dos principais insumos da agricultura e não um repositivo alternativo. Procurando ser mais claro, a água primeiramente é constituinte elementar de qualquer ser vivo, a água é fundamental na formação e transporte de enzimas, proteínas, hormônios. Sem água a planta não se nutre, pois toda planta “bebe” uma solução nutritiva e não “come” fertilizantes, ou seja, mesmo após aplicado no solo o nutriente precisa se solubilizar antes de ser absorvido pela planta.
Mas, os produtores apenas lembram da irrigação quando há queda de produtividade devido à falta de chuvas ou sua má distribuição.
A irrigação, ou melhor a água, não é somente isso. Com o uso da irrigação o produtor pode planejar melhor sua safra agrícola, pode minimizar perdas, aumentar a sua produtividade em períodos com baixa disponibilidade de produto, produzir mudas de melhor qualidade, receber certificações sustentáveis, usar a água como meio de transporte de fertilizantes, defensivos químicos, produtos biológicos e etc.
Em relação ao método há vários no mercado, desde métodos mais tradicionais como a aspersão até tecnologias mais modernas como o gotejamento, que além de fornecer água a cultura ainda pode fornecer nutrientes e realizar a proteção dos cultivos.
Mas, um grande paradigma deve ser quebrado, o Brasil é um país com dimensão territorial, grande produtor agrícola, mas é um país que pouco utiliza a irrigação. O paradigma a ser quebrado é que a água deve ser considerada um insumo de produção e não um produto para substituir as chuvas.
Por Daniel Pedroso – Especialista agronômico da Netafim