O mundo convive com o drama de uma guerra em curso, com repercussões dolorosas sobretudo para o povo ucraniano. No entanto, como disse o Papa Francisco, na audiência geral, no último dia 23 de março: “Não há vitória numa guerra: tudo é derrotado. Que o Senhor nos envie o seu Espírito a fim de nos fazer compreender que a guerra é uma derrota para a humanidade, para nos fazer compreender que a guerra deve ser derrotada”.
A história da humanidade, mesmo sendo marcada por diversos fenômenos de evolução, como por exemplo a tecnológica, parece demonstrar certa involução moral. Ou seja, depois da humanidade ter sofrido duas grandes guerras mundiais, alguns líderes mundiais demonstram indiferença aos sofrimentos de seus semelhantes. Nas guerras e nos conflitos armados em curso, em diversas partes do mundo, interesses egoístas são colocados acima da promoção do bem comum, da justiça social e da paz entre os povos.
Um diagnóstico sobre o drama da guerra nunca será completo sem um olhar de fé, e, por isso, é justo recorrermos ao ensinamento da Bíblia Sagrada quando, em sua epístola, o apóstolo São Tiago apresenta algumas questões: “De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, precisamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós?” (Tg 4,1). Por trás de todo conflito, manifesta-se o mistério do pecado, a vontade de impor a própria vontade sobre os outros, a vontade de eliminar os outros porque os considero obstáculos para alcançar os próprios objetivos egoístas.
Estamos para entrar no tempo litúrgico da Páscoa, onde ouviremos trechos dos Evangelhos que narram as aparições de Jesus Ressuscitado. Gostaria de destacar o momento quando os discípulos se encontravam trancados em um lugar, pois estavam com medo, e ali Jesus se coloca no meio deles e diz: “A paz esteja convosco”. O Shalom de Deus é um dos primeiros dons do Senhor Ressuscitado, pois, tendo ele vencido o reino do pecado e da morte, por meio de sua Páscoa (passagem da morte à vida), Ele mesmo tem o poder de libertar o coração humano do medo, da inveja, do ódio, do egoísmo e de tudo aquilo que não é digno do ser humano.
Em nome da família Canção Nova, desejo a todos uma Páscoa rica da paz do Cristo Ressuscitado. Que abramos as portas do nosso coração para que a paz de Cristo nos transforme em promotores da paz, do perdão e da reconciliação, de modo que nossas famílias, nossas cidades, nossos países sejam lugares onde nos amemos como verdadeiros irmãos.
* Por Padre Wagner Ferreira da Silva – Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias e Vice-presidente da Comunidade Canção Nova.