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Campo Grande

Mãe heroína

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O Dia das Mães está chegando novamente e eu percebo que, apesar de estar com sessenta e nove anos, ainda sou um filho como todos os outros, como se tivesse apenas cinco, dez ou quinze anos. A não ser pelo peso, que insiste em aumentar, pelos fios de cabelo, que vão rareando, pelas rugas e e pelas ites e oses, sou o mesmo menino de sempre, que tem uma mãe lutadora e protetora, que ama todos os filhos como se fossem apenas um.

Hoje o tempo já lhe pesa nas costas, mais do que pesa nas minhas, mas ela continua forte e resistente, apesar da idade bem avançada e apesar das próteses nos joelhos.  Já não continua indo e vindo, porque a memória já não é mais a mesma, mas continua “visitando” a gente, os filhos, pois eles lhe fazem companhia. Ou a gente visita ela e fica com ela na casa dela. Ela não pode mais viajar de avião, em viagens como para Portugal, onde estão duas netas, pois a viagem é longa demais e não faz bem para as pernas dela, ficar sentada tanto tempo. Mas ela viaja de carro.

Ela recebe a gente como sempre, na sua casa, quando vamos lá ficar com ela. Como disse, não fica mais sozinha, tem sempre um filho por perto.  Sua casa é pequena, mas é uma graça. Ela andou aumentando, há poucos anos, fazendo mais um banheiro e uma edícola que avança pelo quintal, onde colocou a área de serviço e um grande varandão com uma enorme mesa para reunir todos os filhos e/ou  os irmãos, onde acontecem grandes almoços ou grandes jantas.

Ela ainda cozinha aquelas comidinhas que só mãe faz. E a gente come até não poder mais, porque é a comidinha da mamãe e é deliciosa, mesmo que aumente uns quilinhos. Até pouco tempo atrás ela faz compotas, conservas de legumes e verduras, os quais ela colhia de sua própria horta, pois a gente – nós, os filhos e genros – íamos lá, de tempos em tempos, e plantávamos alfaces, beterrabas, vagens, pepinos, etc. Hoje em dia só há alguns pés de couve e também um pouco de aipim, pois sem sempre ela está em casa.

Minha mãe trabalhou a vida toda – ela foi ferroviária, trabalhou nas estações de Corupá e São Francisco do Sul – e, além disso, cuidou dos dez filhos e da casa ela mesma, nunca teve empregada. Fomos sempre humildes, mas nunca nos faltou nada, porque ela sempre esteve lá, provendo tudo.

Neste ano, o aniversário dela não cai no Dia das Mães, mas é logo em seguinda, no dia dez. Duas comemorações. Duas vezes mais carinho pra você, mãe. Muito orgulho de poder chamá-la de mãe. Mil beijos, hoje e sempre.

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras.

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