Você e eu precisamos tomar maior cuidado com as nossas reações diante das manifestações de terceiros, que divergem das nossas ideias e convicções. Dependendo da gravidade do problema, pelo que se tem visto em larga escala na sociedade, é muito provável que se torne necessário um trabalho mais rigoroso de autocontrole e até de tratamento, para que não nos tornemos intolerantes com nosso próximo nos ambientes sociais, profissionais, esportivos e até familiares e religiosos.
A intolerância a ideias, pensamentos e ações contrárias às nossas não pode, em hipótese alguma, nos levar à tomada de atitudes estúpidas, grosseiras e até violentas como temos visto em nosso convívio, na vizinhança, em nosso país.
Um dos mais recentes e de maior repercussão foi esse no Paraná, na cidade de Foz do Iguaçu, onde dois homens ligados à segurança pública, que deveriam ser exemplares no trato humano, se desentenderam e partiram para vias de fato, culminando com a morte de um e ferimento grave de outro, num ambiente que deveria ser de completa alegria: festa de aniversário da pessoa que veio a óbito.
Não cabe aqui qualquer justificativa de nenhum dos lados porque no final o que prevaleceu mesmo foi a intolerância, que provocou o caos para ambas famílias envolvidas e até para os presentes e amigos.
O país e o mundo atravessam momentos difíceis, principalmente devido aos problemas econômicos, agravados pela corrupção, pela pandemia e agora pela guerra da Rússia e Ucrânia, que acabou afetando a todos. Esse clima tenso acaba contribuindo para que os nervos fiquem à flor da pele.
As redes sociais são outro ambiente que refletem bem a intolerância que se alastra nas relações dos indivíduos. Quando uma ideia é postada, ou mesmo um simples comentário contraditório é feito, já basta para surgir os ataques de fúria que levam a brigas, ameaças e rompimento de relações.
Nem mesmo colegas e amigos de trabalho escapam do império da intolerância. Dia desses, numa costumeira oração pela manhã na empresa de um amigo, diante de uma simples palavra de Deus sobre a fé e a obediência às Suas leis, criou-se uma polêmica e desnecessária discussão em torno do assunto, impedindo então que ali se estabelecesse plenamente o Espírito Santo.
E o que dizer então desse período eleitoral pelo qual estamos atravessando? Quantas brigas, desentendimentos e até vias de fato entre aqueles que pensam e agem de maneira diferente? A intolerância impera e promove o caos na sociedade. No esporte, entre tantos exemplos, existe um que arrepia só de lembrar: Ocorreu há anos, mas muitos não se esqueceram pois foi marcante o momento em que, num estádio de futebol, em meio a uma “guerra” entre torcedores, um deles arrancou um vaso sanitário e o atirou andar abaixo, numa área em que centenas de pessoas, crianças e adultos, corriam de um lado para outro, procurando se proteger. Felizmente o pesado objeto se esborrachou no chão sem atingir ninguém. Quando lembro desse episódio arrepiante, vejo as mãos de Anjos do Senhor afastando qualquer vítima.
Howard W. Hunter, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensina: “O mundo seria grandemente beneficiado se todos os homens e mulheres praticassem o puro amor de Cristo, que é bondoso, humilde e manso. Não é invejoso e não se ensoberbece. Não dá lugar à intolerância, ao ódio e à violência. Incentiva povos diferentes a viverem juntas no amor Cristão, a despeito de crenças religiosas, raça, nacionalidade, situação financeira, nível de educação e cultura”.
Portanto, você e eu devemos sempre demonstrar, com respeito, que não apenas é possível, mas também essencial amar um filho de Deus que tem crenças diferentes. Mesmo que esses conceitos não se alinhem com a vontade do Senhor ou à nossa, que devem ser sempre alicerçados nos bons princípios morais e espirituais.
Por Wilson Aquino – Jornalista e professor.