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Ativos intangíveis: um fator de competitividade para as empresas

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Os ativos intangíveis, também chamados de capitais intangíveis, estão se tornando cada vez mais importantes para as empresas e se tornaram determinantes no processo de mensurar o valor que estas tem no mercado. Assim como os relatórios de balanço financeiro e, mais recentemente, os de sustentabilidade têm a função de apresentar as atividades das empresas, respectivamente, nas áreas contábil e de ESG, os procedimentos capazes de dimensionar os ativos intangíveis se tornam cada vez mais necessários para a competitividade das organizações na economia atual.
 

Mas o que são ativos intangíveis afinal? Por definição, são bens de natureza não física. Eles são o conjunto de riquezas impalpáveis que compõem a infraestrutura ou ecossistema que uma empresa usa para criar valor para acionistas e stakeholders ao longo do tempo. Já os ativos tangíveis são o capital financeiro (dinheiro, patrimônio líquido, empréstimos etc.), as instalações físicas da empresa e os equipamentos de produção e administração.
 

Por sua vez, os ativos intangíveis incluem itens como conhecimento digital e analógico (patentes, direitos autorais, marcas registradas e nomes de marcas, pesquisa e desenvolvimento, uso de dados, processos, projetos, etc.) e tudo o mais que está relacionado ao elemento humano, como competências e experiência dos colaboradores em todos os níveis hierárquicos. Também fazem parte desse capital a rede de conexões externas da organização, como clientes, fornecedores, mídia, reguladores e comunidade. E, ainda, as já mencionadas estratégias de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), a proposta de valor da empresa, modelo de negócios, governança e cultura organizacional.
 

De acordo com o estudo “Valor de mercado dos ativos intangíveis”, realizado pela Ocean Tomo, entre 1995 e 2015, a participação do valor de mercado dos ativos intangíveis aumentou de 68% para 84% — considerando o S&P500, índice composto por quinhentos ativos cotados nas bolsas de NYSE ou NASDAQ. Esse período de vinte anos incluiu mudanças como o maior acesso a computadores pessoais, o crescimento da internet e, mais recentemente, a conectividade em massa e a geração, captura e análise de dados.
 

De uma maneira bem sintética, podemos dizer que, a partir do momento em que a tecnologia da informação começou a ganhar espaço nas organizações, o trabalho se tornou muito mais intelectual do que braçal, promovendo um aumento de um capital que não necessariamente é visível e tangível. Eles são responsáveis pela criação das chamadas internalidades, como qualidade, desempenho, eficiência, criatividade, colaboração, confiança, propósito e cultura. Esses elementos, somados e fortalecidos, se refletem positivamente na capacidade e no potencial de inovação da organização. Deixar de investir nesses ativos pode representar a perda de conhecimento e, em última instância, prejuízos à marca, à reputação e os resultados financeiros de uma empresa.


Para melhor exemplificar veja uma lista das classificações contábeis mais comuns dos Estados Unidos para ativos intangíveis: tecnologia desenvolvida; pesquisa e desenvolvimento em processo; ativos relacionados ao cliente; marcas e nomes comerciais e outros. Os NFTs, os Non Fungible Tokens (Token Não Fungível), também são considerados ativos intangíveis, e que sendo cada vez mais utilizados.
 

Os dados do cliente são ativos que vão além dos números de contato, incluindo tudo aquilo que o mundo hiperconectado hoje nos permite ter acesso, como geolocalização, preferências de compras, hobbies de interesses e tudo o mais que deixa um rastro digital. Há, ainda, os intangíveis não identificáveis, que incluem algoritmos de seleção, como os que são gerados pelas plataformas de streaming de conteúdos de entretenimento (filmes, séries e música etc.).


Outro bom exemplo são as equipes de colaboradores, pois muitas aquisições de empresas se devem ao interesse de adquirir o talento do capital intelectual que aquela organização conseguiu reunir. Atrelado a este exemplo está outro, a produtividade. A partir do momento que uma empresa é capaz de produzir mais rapidamente que a concorrência, seu valor de mercado aumenta em muito.
 

E não podemos deixar de mencionar os clientes. Por exemplo: você saberia medir quanto vale o comentário positivo deixado por um comprador satisfeito com o produto ou serviço? A partir do momento que a empresa tem boas críticas e os clientes estão satisfeitos, provavelmente, a avaliação vai subir exponencialmente.


Mas como medir ativos intangíveis? De fato, este patrimônio imaterial é notoriamente difícil de avaliar objetivamente, pois seu valor depende, em última análise, da capacidade das empresas de usá-los, identificá-los e gerenciá-los. Alguns pesquisadores defendem que é necessário rever a forma como lidamos com os ativos intangíveis.
 

A tendência é que os ativos intangíveis serão em um futuro muito próximo os principais pilares de sustentação de uma empresa, mas para serem gerenciados, é necessário saber da existência, identificar o real valor de negócio e buscar formas de potencializá-los ainda mais.

Por Thammy Marcato – sócia-diretora de inovação e transformação da KPMG.

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