A inflação tem mudado o perfil do consumidor brasileiro em relação às refeições diárias. Diante da alta dos preços e da dificuldade de adquirir alimentos no supermercado, muita gente aumentou o tamanho do prato de comida nos restaurantes empresariais. Só neste ano, a gramagem consumida por pessoa cresceu 8% em relação a 2021.
A lógica é simples: com dificuldade de comprar comida no supermercado, o trabalhador migrou suas demandas alimentares para os restaurantes empresariais, numa tentativa de suprir suas necessidades diárias. Os custos com essa economia que ele faz no bolso, no entanto, vem recaindo sobre as empresas responsáveis pela sua produção e fornecimento.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (ABERC), Rogerio Vieira, o segmento de restaurantes empresariais costumam operar com margens de lucro muito baixas, por isso qualquer variação já se torna logo perceptível. E esse impacto tem sido cada vez maior, especialmente nos últimos três meses. “O aumento no consumo tem sido devastador para os negócios”, avalia.
O setor de restaurantes empresariais vem sentindo a inflação pesar no caixa porque mais da metade dos custos de uma refeição (55%) envolvem, justamente, as matérias-primas alimentares e insumos que mais pressionam a inflação: verduras, legumes, carne, arroz e feijão.
Segundo Vieira, a base utilizada no preparo da refeição são os produtos da cesta básica de alimentos, que são, justamente, os itens que os trabalhadores dão prioridade nos supermercados. “Se não há como abastecer a cozinha de casa, as refeições coletivas servidas nas empresas se tornaram um salva-vidas em meio a esta crise financeira provocada pela inflação em alta”, afirma.
Atualmente, mais de 14 milhões de trabalhadores brasileiros se beneficiam dos restaurantes empresariais, que atuam de forma terceirizada dentro de indústrias, hospitais e escolas, produzindo e fornecendo refeições balanceadas e completas.
E a expectativa não é nada animadora. Para a ABERC, este novo perfil de consumo tende a ser contínuo e deverá se intensificar ainda mais nos próximos meses. Isso poderá levar à revisão e renegociação dos preços praticados nos contratos novos e vigentes, numa tentativa de adequá-los às novas condições do mercado e evitar o desequilíbrio econômico.
Fonte: Comunicação