O barão de Münchausen foi um excêntrico personagem alemão que inspirou o escritor Rudolph Raspe a publicar suas façanhas em 1785. Em uma das suas mais conhecidas histórias está a ação de desatolar-se sozinho de um pântano puxando seus cabelos para cima. Algo irreal e que se assemelha muitas vezes a falta de humildade de pedir ajuda ou o péssimo hábito de não cultivar amizades. Somos seres gregários e nutrir a fraternidade e a ajuda ao próximo torna-se maneira de nos protegermos contra as intempéries do mundo. Nós mesmos podemos ser aqueles que um dia atolarão na vida. Ninguém sabe o amanhã, mas podemos ter a certeza que todo bem feito aos outros acaba se revertendo em algum benefício para nós mesmos. Segundo provérbio oriental, sempre sobra um pouco de perfume nas mãos daqueles que oferecem flores. O mesmo em relação à alegria e o sorriso ao próximo.
Ter o semelhante em importância e respeitá-lo é uma maneira de tratar com respeito a si. Pois, oferecemos aos outros aquilo que temos de melhor em nosso íntimo e coração. Todavia, alguns ainda estão retidos na infância espiritual, desconhecendo os valores sagrados da existência. Para esses, a vida é um eterno desperdício do Carpe Diem e da vivência louca. Outros, já mais maduros e responsáveis, conseguem entregar-se na missão de ajudar sem pedir nada em troca. A ação abnegada e a caridade tornam a existência válida por meio do desvencilhar-se do ego e da matéria. O materialismo como a chaga da humanidade. Não seria isso a autoiluminação?
Paulo Hayashi Jr. – Doutor em Administração pela UFRGS. Professor e pesquisador da Unicamp.