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Tráfico humano e vidas falsas na internet

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De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2021), o Brasil registra a média de 200 desaparecidos por dia. Vale considerar algumas imprecisões, já que muitas pessoas não foram registradas por seus pais ou familiares. Naturalmente, a pandemia também acentuou o problema de identificação – até porque os pacientes nos hospitais eram numerosos e alguns foram incinerados. A situação piora na medida que a recessão formada por estes dois anos de confinamento agrava a vulnerabilidade, o desespero faz fila, e o tráfico humano, infelizmente, sabe atrair sonhos. 

Este tipo de crime é muito lucrativo, afinal, um ser humano pode ser vendido mais de uma vez. Dados da ONU estimam que cerca de 2,5 milhões de pessoas sejam vítimas deste negócio que anualmente desmembra centenas de famílias. Se por um lado a internet facilita sobremaneira nossa vida, por outro, favorece transações ilícitas, de difícil combate e difícil identificação. EM 2021, a Organização das Nações Unidas solicitou ação mundial para proteger as vítimas e reafirmar o Plano de Ação para o Combate ao Tráfico de Pessoas, lançado em 2010.

A alta exposição na internet, especialmente de jovens que buscam pelo reconhecimento de um público cada vez maior, pode se tornar um perigo. Essa produção de dados em excesso, espalhados massivamente nas redes sociais pode favorecer pessoas mal intencionadas, cujos objetivos podem chegar ao tráfico de pessoas. Diante disso, deixo a reflexão: Até onde uma pessoa é capaz de ir para conquistar likes, seguidores e views? Será que toda essa exposição vale a pena no final?

São questões como essas que levanto em “Laila”, um romance ficcional sobre uma jovem influenciadora que faz de tudo para conquistar números na internet. Assim como observamos diariamente nas redes sociais, a personagem mostra aos seguidores cada detalhe da própria vida, fazendo com que esse excesso de exposição lhe aproxime do tráfico humano.

Por Vanessa Silla – formada em Letras, com Especialização em Literatura Brasileira, mestre e doutora em Escrita Criativa pela PUCRS.

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