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Com contágios em aumento, HIV ainda é tabu no Brasil

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Foi em 1981 que se tomou conhecimento dos primeiros casos de síndrome de imunodeficiência adquirida (aids), em Los Angeles, nos Estados Unidos. A doença, que é o estágio mais avançado da infecção pelo vírus HIV, deixa o corpo debilitado e sujeito a uma série de infecções secundárias, como a tuberculose, que podem levar o indivíduo à morte. De lá pra cá, muitos avanços foram feitos em termos de pesquisa e tratamento – contudo, os números de contágio por HIV vêm aumentando no Brasil nos últimos anos, principalmente entre jovens de 20 e 34 anos, segundo o último boletim epidemiológico de HIV/Aids do Ministério da Saúde.

A situação preocupa os especialistas e existe uma série de motivos que explicam o aumento das infecções pelo HIV.  Como fatores sistêmicos que impactam não só na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), mas no acesso ao sistema sanitário geral, como etnia e classe social. Há grupos onde a informação e o atendimento pode não chegar. Como podemos esperar de uma gestante soropositiva que não tem acesso nem ao pré-natal que ela saiba como evitar de transmitir o vírus ao seu bebê? 

Assim como a aids, outras ISTs avançam também pelos tabus que rodeiam o contágio – para alguns, é difícil falar sobre a própria vida sexual, ainda que com um profissional de saúde. Assim como o desconhecimento, a vergonha leva muitas pessoas a não fazerem exames de controle e, em consequência, não saberem se tem ou não alguma infecção. A falta de diagnóstico é particularmente delicada quando pensamos no HIV, porque é um vírus que muitas vezes tem um período de incubação muito longo onde o paciente pode ser assintomático. Quando falamos de vírus, precisamos pensar que o contágio é exponencial, como vimos com a COVID. Isso quer dizer que uma pessoa não diagnosticada pode transmiti-lo por anos, criando uma cadeia de contágio muito grande. 

A boa notícia é que, nesses 40 anos em que se tem conhecimento do vírus, grandes avanços foram feitos no tratamento, que permitem não só que o contágio possa ser evitado – com o uso do PrEP, que é a profilaxia pré-exposição –, mas também que os pacientes tenham mais qualidade de vida. Hoje o que temos em termos de tratamento é revolucionário. O tratamento antirretroviral funciona muito bem e continua evoluindo, o que facilita enormemente a adesão pelo paciente; os efeitos colaterais e adversos são mínimos. Hoje, uma associação farmacêutica pode transportar para o organismo humano mais de um fármaco ao mesmo tempo, diminuindo a quantidade de comprimidos a serem ingeridos – isso é maravilhoso, ainda mais quando você pensa no tratamento de crianças.

Ainda não existe vacina contra o HIV; por enquanto, focar na prevenção é a solução mais efetiva. Usar o preservativo nas relações sexuais e realizar exames regulares de ISTs são métodos preventivos eficazes e acessíveis através do SUS – assim como todo o tratamento da aids, que é gratuito e tem privacidade garantida por lei.

Por Alexsander Augusto da Silveira- Pró-reitor de graduação em unidade de ensino superior da Estácio e pós doutor em Imunologia/HIV.

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