Declarado pelos poetas e cantores da humanidade desde tempos imemoriais, o mar representa a força da natureza em seu sentido pleno. A cada onda há movimentação e renovação com surpresas até mesmo aos mais acostumados. As ondas trazem e levam muito mais do que a simples água, mas também sentimentos, memórias e até mesmo projetos futuros do devir.
O mar renova não apenas o ânimo e a energia salutar como também aproximam o ser humano da natureza de maneira única. No oceano, o indivíduo consegue perceber sua pequenez e condição ímpar voltada para a humildade e a necessidade de ajudar a coletividade. Os que desgarram do grupo podem correr riscos sérios à vida.
Por outro lado, na praia, a alegria e o contentamento ultrapassam a fronteira do ego para adentrar na felicidade alheia. É um convívio que merece respeito para que a harmonia do lugar se mantenha. É desagradável quando alguém quer se sobrepujar no espaço da areia e acaba desvirtuando o equilíbrio geral e a condição pacífica de relaxamento. Mais do que em outros lugares, na praia a harmonia se faz sentida e o ganho ou perda coletiva também.
Quem aprendeu desde cedo a polidez dos modos, de se importar com o próximo, usa com dignidade o espaço comum. Porém, nem sempre isso acontece. Assim, mais do que maximizar a satisfação dos desejos e dos impulsos hedonísticos, é essencial perceber que a nossa liberdade deve respeitar também a dos nossos semelhantes para que todos possam desfrutar com ganhos gerais o presente de Deus.
Por Paulo Hayashi Jr. – Doutor em Administração pela UFRGS. Professor e pesquisador da Unicamp.