Mais uma joia do governo brasileiro em prol da já combalida educação que é oferecida por aqui: o MEC – Ministério da Educação, eliminou a obrigatoriedade do estudo da Literatura Portuguesa na Nova Base Nacional Curricular Comum, desde junho de 2016. Mais essa pérola não foi aprovada por educadores, pois significa mais um golpe, mais um retrocesso no ensino de qualidade bem aquém do que o esperado e merecido pelos cidadãos deste nosso Brasil, cada vez mais corroído pela corrupção e pela impunidade.
Autores como Luís Vaz de Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett ou José Saramago deixam de ser obrigatórios. E no Brasil, se não é obrigatório, não precisa mais ser lembrado. Outro dia, em uma discussão com amigos, falávamos da não obrigatoriedade da leitura dos clássicos portugueses nas nossas escolas e de como isso significa que nunca mais eles serão sequer mencionados.
“A proposta beira o absurdo. Como se pode apagar Portugal e a Europa de nossas origens? Tirando do mapa? Será que mais uma vez a seleção de conteúdos foi contaminada por um viés político e ideológico anacrónico? Já que Portugal teria sido uma metrópole colonialista europeia que explorou as riquezas de suas colônias e escravizou populações negras e indígenas na América e na África, agora seria a vez de dar voz à cultura dos oprimidos, em detrimento da Europa elitista e opressora?”, perguntaram-se em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo dois professores universitários brasileiros, Flora Bender Garcia e José Ruy Lozano, indignados com a decisão.” (DN, Lisboa)
Não podemos negar a importância da literatura portuguesa na memória e na vivência dos brasileiros. Temos grandes escritores brasileiros porque o passado, o primórdio da nossa literatura é a literatura portuguesa. Como então apaga-la de nossa memória?
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 42 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras