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Adoecimento emocional: excessos e limites

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Estamos num tempo de diversas notícias e fatos que relacionam adoecimento emocional, violência, indiferença, falta de empatia, de limites e o individualismo. Mas seriam esses sinais, causas ou sintomas de uma sociedade adoecida? O que temos vivido nos últimos tempos?

Ao que tudo indica, estamos perdendo bases importantes para um bom relacionamento, como, por exemplo, os limites do bom senso e o respeito pelo outro. Isso se expressa quando vemos comentários agressivos sem precedentes nas redes sociais, e muitos outros excessos que estão, sim, nos adoecendo enquanto sociedade.

Vivemos um tempo de excessos que envolve consumo, trabalho, desempenho, dependência tecnológica, urgência, necessidade e falta de limites. Sonhos impossíveis, metas inalcançáveis, ou mesmo que não condizem com o que somos. Um excesso de necessidades e urgências que pode, sim, estar alterando nossa qualidade de vida e nossa saúde mental.

Modelos sociais chamados de influenciadores ou “influencers” ditam regras, normas e padrões, muitas vezes irreais. Imposições sobre o que você deveria fazer ou teria que ser parece que vão uniformizando as posturas. Temos, sim, uma prevalência de transtornos como os de ansiedade, de humor, os somatoformes e o abuso de álcool e drogas.

Num tempo em que o limite parece não existir mais e que o importante é ser feliz, não podemos deixar de constatar que o custo tem nos sido pesado demais. A comparação que vai fazendo com que as pessoas quase que sejam homogêneas em suas aparências e formas de viver tem sido um grande veneno. Precisa-se ser igual, vestir igual, consumir igual. Não tenho tempo para esperar, para suportar perdas ou insucessos, para plantar e esperar germinar e nascer, numa analogia aos nossos planos.

Em certos momentos, vamos observando o comportamento das pessoas, que nos parecem viver num mundo competitivo que exclui totalmente a existência do outro e, com isso, posturas individualistas vão se acentuando a cada dia. Logo, se a sociedade vai se tornando individualista, deixamos de pensar nas necessidades, limites e aspirações do outro.

Os excessos do mundo digital têm provocado um cansaço excessivo e, com eles, alterações em nossa saúde: o sedentarismo, a dificuldade de atenção, a ansiedade, a depressão. A violência e agressividade também são reflexos de um tempo de pouca tolerância, de carência moral e de tantos outros aspectos que têm deteriorado nossa sociedade.

A saída para a crise vivida em nossa sociedade atualmente passa por uma análise ampla e profunda de uma série de aspectos que estão se deteriorando. A acentuação da desigualdade social e uma série de outros fatores unidos refletem a necessidade de um olhar atento aos nossos valores pessoais, para que não se percam em meio a tantos pontos de desencontro.

Novos propósitos na educação, na formação das crianças; uma postura mais proativa e não passiva frente às imposições de modelos; a busca de sentido e a convicção de nossas crenças são alguns dos elementos que podem nos direcionar ao eixo, ao nosso centro. Não espere que alguém promova a mudança por você! Inicie um processo de revisão de vida, de retomada, a partir do respeito a quem você é. É importante que possamos recusar modelos que não nos cabem e repensar nossa forma de lidarmos com o mundo e suas exigências e imposições, sempre cuidando do bem mais precioso que temos: a vida.

Por Elaine Ribeiro – psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.

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