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A importância da alimentação de qualidade para pessoas vulneráveis

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O mês de junho é bastante propício para reflexões acerca do que chamamos de “alimentação invisível”. Com propósitos semelhantes, o Dia Mundial da Segurança de Alimentos (07/06) e o Dia Mundial da Gastronomia Sustentável (18/06) chamam a atenção para a segurança do alimento no que tange a sua origem – considerando como foi cultivado, como chegou aos mercados e aos nossos pratos – e a saúde humana. Mas você já parou para pensar como fica a questão de segurança alimentar do ponto de vista das pessoas vulneráveis?

Para abordar o tema, é preciso primeiro entender o conceito de vulnerabilidade, caracterizada pela condição de grupos de indivíduos à margem da sociedade ou em processo de exclusão social, a partir de fatores socioeconômicos, que incluem a dependência do auxílio de terceiros para garantir a própria sobrevivência. Neste contexto, surge a insegurança alimentar – realidade em que o indivíduo não tem acesso suficiente à quantidade e qualidade nutricional adequada para que possa se manter saudável.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda-se um consumo diário de 0,8 e 1,5g/Kg de proteína – cerca de 15% das necessidades calóricas diárias. Segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e considerando as linhas de pobreza do Banco Mundial, no ano de 2021, 29,4% da população do país se encontrava em situação de pobreza, com 8,4% em situação extrema. Considerados os maiores números e percentuais dos dois grupos desde o início da série histórica de 2012, o aumento contribuiu para o retorno do Brasil ao Mapa da Fome.

Apesar da crescente estatística, é muito comum que a descrença na pobreza ou a distância dessa realidade surpreenda algumas pessoas. É tão verdade que, não faz muito tempo, presenciamos uma discussão acalorada nas mídias sobre o real número de brasileiros com fome em função da discrepância entre 33 milhões e 9 milhões – números divulgados antes e depois das eleições. Sem justificativa plausível, a argumentação focava em noticiar o menor dado, como se “apenas” 9 milhões invalidasse o problema. Nesta ocasião, pudemos observar a falta de empatia e solidariedade com o próximo, uma vez que, sendo um, já deveria incomodar.

Isso ilustra como a fome é uma questão estrutural. Por isso, a importância de se reforçar o quanto antes as políticas públicas devem ser mais inclusivas e do apoio às instituições que atuam diariamente na frente contra a fome. Quem está longe desse dia a dia talvez não saiba que, muitas vezes, a pessoa vulnerável – principalmente a que está em situação de rua – só pode contar com a caridade de quem lhe oferece um prato de comida que, não raramente, pode ser sua única fonte de alimento do dia, quando não da semana. 

Essas datas, que destacam a importância da comida, precisam trazer quem tem fome para dentro da discussão, educando o público geral sobre a problemática. Só assim será possível que uma campanha de proteína (ou qualquer outro alimento) não caia no viés do merecimento ou do descarte (com a doação de produtos perto da data de vencimento), mas de um direito social que demanda esforços conjuntos.

De novo, a vulnerabilidade está associada à dependência do auxílio de terceiros para garantir a própria sobrevivência. No contraponto, a solidariedade está ligada à identificação com o sofrimento do outro e, principalmente, à disposição de ajudar a solucionar ou amenizar o problema. 

Por Vinicius de Menezes Fabreau – coordenador do projeto “Pão da Solidariedade” do Sefras – Ação Social Franciscana.

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