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Deus, Sabedoria e Misericórdia

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Religião, como sublimação do sentimento, é para tornar o ser humano melhor, integrando-o no seu Criador pelo exercício da Fraternidade e da Justiça entre as Suas criaturas. O Pai Celestial é fonte inesgotável de Sabedoria e Misericórdia quando não concebido como caricatura, estereótipo, ódio, vingança, porquanto “Deus é Amor” (Primeira Epístola de João, 4:8), sinônimo de Caridade.

Com apurado senso de oportunidade, preconiza o Profeta Muhammad (570-632) — “Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre ele!” — no Corão Sagrado, Surata Al ‘Ankabut (A Aranha), 29:46: “(…) Cremos no que nos foi revelado e no que vos foi revelado. Nosso Deus e vosso Deus é o mesmo. A Ele nos submetemos”.

Vêm-me à lembrança estas palavras de Santa Teresa de Ávila (1515-1582): “Procuremos, então, sempre olhar as virtudes e as coisas boas que virmos nos outros e tapar-lhes os defeitos com os nossos grandes pecados”.

Religião na vanguarda

Tudo evolui. Ontem os homens diziam, por exemplo, que a Terra era chata. Afirmava-se que o nosso planeta seria o centro do Universo. Por que então, as religiões teriam de estacionar no tempo? Pelo contrário. Religião, quando sinônimo de Solidariedade e Misericórdia, tem de iluminar harmoniosamente a vanguarda de tudo: da Filosofia, da Ciência, da Política, da Arte, do Esporte, da Economia etc. É também por intermédio dela — a Religião — que Deus, que é Amor, nos manda os mais potentes raios da Sua Generosidade. Jesus, que é Um com o Pai, declarou: “Eu sou a Luz do mundo!” (Evangelho, segundo João, 8:12).

Vejam bem: Ele se proclamou a Luz do mundo, e não apenas de uma parte da sociedade humana. Daí o valor extraordinário da afirmativa de Zarur: “Religião, Ciência, Filosofia e Política são quatro aspectos da mesma Verdade, que é Deus”.

Mas o Pai Celestial igualmente nos esclarece, com a potência de Sua Sabedoria, por meio da Ciência, da Filosofia, da Economia, da Arte, da Música, do Esporte — por que não?! é melhor a prática do bom Esporte do que a guerra. Quanto à corrupção, aos anabolizantes e a tudo o que envergonha a paixão de Pierre de Coubertin (1863-1937) — que trouxe de volta, depois de 1.500 anos, os Jogos Olímpicos —, tomem-se, sempre que necessárias, medidas enérgicas.

Num planeta constantemente em graves litígios, que resultaram em guerras mundiais avassaladoras, nosso esforço é que, em harmonia, evoluamos em todos os territórios do conhecimento espiritual-humano.

Bem a propósito esta meditação do nada menos que cético Voltaire (1694-1778): “A tolerância é tão necessária na política como na religião. Só o orgulho é intolerante. (…)”

Para amainar a frieza de coração

Cabe reiterar esta máxima abrangente de Zarur: “Religião, Ciência, Filosofia e Política são quatro aspectos da mesma Verdade, que é Deus”.

Ora, querer conservar os ramos do saber universal confinados em departamentos estanques, em preconceituosa conflagração, tem sido a origem de muitos males que nos assolam, em especial tratando-se de Religião, entendida no mais alto sentido. É principalmente de sua área que deve provir o espírito solidário, que, faltando à Comunicação, à Ciência, à Filosofia, à Educação, à Economia, à Arte, ao Esporte, à Política e à própria Religião, resulta na frieza de sentimentos que tem caracterizado as relações humanas nestes últimos tempos.

Por José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. 

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