O mês de julho é focado na conscientização sobre o câncer nos ossos e a importância do diagnóstico precoce para um tratamento mais eficaz e assertivo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 704 mil casos novos de câncer para o triênio 2023-2025. A American Cancer Society divulgou que os tumores ósseos não metastáticos são raros, representando menos de 1% de todos os tipos de câncer. Devido à sua particularidade, é preciso redobrar a atenção, especialmente em adultos.
“Quando o câncer se origina no próprio osso, isto é, tem sua origem na produção de células anormais do tecido ósseo, o classificamos como um câncer ósseo primário. Porém, especialmente em adultos, podemos ter casos originados em outras partes do corpo, como mama, próstata e pulmões – os três mais frequentes – que não foram detectados no início e sofreram uma metástase, chegando aos ossos. Neste caso, trata-se de câncer secundário”, explica o Dr. Diego Pianta, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
O chamado câncer primário é mais comum entre crianças e adolescentes. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o osteossarcoma é a neoplasia óssea mais prevalente na população infantojuvenil (0 a 19 anos de idade), correspondendo de 3% a 5% de todas as neoplasias nesta faixa etária, sendo mais frequente no sexo masculino e acometendo principalmente ossos longos como fêmur, tíbia e úmero.
“Os pais devem estar atentos a dores ósseas incomuns, que não são explicadas por batidas ou traumas e que não são as conhecidas, como as dores do crescimento. Dores assimétricas, que acometem um membro e não o outro, ou dores que não aliviam, e há um aumento de volume de algum membro, são sinais e sintomas que merecem atenção”, pontua Dr. Diego Pianta.
Já os cânceres secundários acometem mais a população adulta e, quando diagnosticados, em sua maioria já se encontram em uma fase metastática. “Por isso é tão importante que sejam feitos exames de rotina para rastrear os possíveis cânceres. A dor prolongada e persistente por mais de 10 ou 15 dias é um indicativo para que se procure um médico para uma avaliação mais avançada”, indica o diretor da SBMN.
Tanto para a detecção do câncer ósseo primário como para o secundário, os exames da Medicina Nuclear são fundamentais. Dentre esses exames, o mais comum é a cintilografia óssea, como explica o Dr. Diego Pianta: “A cintilografia óssea trifásica permite uma avaliação completa dos ossos. Ela consiste, em suma, na injeção de um radiofármaco em que há a possibilidade de avaliar a vascularização, ou seja, a irrigação sanguínea dos tumores, a produção de matriz óssea pelos tumores e uma investigação de corpo inteiro. Além disso, cintilografia óssea é um exame fundamental na avaliação de tumores comuns em homens e mulheres adultos (por exemplo, câncer de próstata e câncer de mama), que frequentemente causam metástases ósseas.”.
Outro exame muito utilizado para o diagnóstico do câncer ósseo é o chamado PET-CT. “Este exame permite uma avaliação mais detalhada dos tumores ósseos primários ou secundários, ao conseguirmos avaliar, ao mesmo tempo, alterações tomográficas e de metabolismo, uma vez que tumores malignos costumam ter maior metabolismo de glicose”, elenca Dr. Diego Pianta.
Muitos avanços têm ocorrido no tratamento das neoplasias ósseas nos últimos anos. São progressos fundamentais para melhorar a sobrevida dos pacientes e o resultado funcional. “Houve uma importante evolução na capacidade diagnóstica e de tratamentos de tumores ósseos. A cintilografia óssea tornou-se mais robusta, com melhores resoluções de imagem ao longo dos anos. Além disso, o PET-CT ganhou força e evidências demonstram a grande evolução que o método trouxe, ao demonstrar, de forma mais acurada, as lesões (sejam primárias ou secundárias)”, aponta o especialista da SBMN.
Dr. Diego Pianta reforça que não é apenas no diagnóstico que a Medicina Nuclear é fundamental, ela também auxilia nos tratamentos dos cânceres ósseos: “A medicina nuclear tem papel importante no tratamento de lesões ósseas metastáticas de câncer de próstata, além do já tradicional tratamento que auxilia no combate à dor de pacientes com metástases ósseas de diversos tumores”.
Sobre possíveis contra-indicações, o especialista esclarece: “Usualmente, evitamos realizar exames com radiação ionizante em mulheres gestantes. Em alguns casos, o benefício do exame é maior que o risco potencial de lesão ao feto, então, utilizamos doses menores de radiação, que permitam o diagnóstico adequado. Crianças podem realizar os exames sem complicações, as doses são reduzidas e calculadas em relação ao peso do paciente.”
Fonte: Comunicação da SBMN