Conta uma lenda hindu que alguns cegos haviam tido contato com o elefante e que cada um deles havia tocado em uma única parte do mesmo. Mas, todos em pontos diferentes. Assim, por mais que se esforçassem, não conseguiam chegar a uma conclusão satisfatória sobre o animal. A particularidade e a certeza da observação empírica imediata havia cristalizado uma perspectiva parcial de complicada superação. Não era difícil esperar o escárnio, a imperfeição, a distorção do outro, mas não de si. A solução otimizada era contrária ao apego ao ego e ao orgulho desmedido que ainda muitos cultivavam.
Ter uma verdade parcial não implica em descartar a maior, tampouco em desprezar o próprio esforço de crescimento e evolução. Mudar de perspectiva não vem sem sacrifícios ou novas experiências que possam complementar a anterior. Além disso, não é tarefa com data de validade ou prescrição. Mas exige a reflexão pessoal, a busca do autoconhecimento e principalmente, de valores e propósitos que o levem para o alto, para uma condição superior.
Mais do que a rota da certeza sem dúvidas, pavimentada pela rigidez e apego ao ego, a flexibilidade proveniente da humildade que faz da existência mentes abertas e disponíveis à verdade maior. Como seres que se renovam na busca do Cristo, o mensageiro das estrelas, a esperança do amor e da bondade que faz com que tenhamos a gentileza de ressignificar a vida através de ideais superiores. Se um dia fomos cegos à Deus, que possamos agora trilhar o caminho do progresso infinito através do trabalho santificante.
Por Paulo Hayashi Jr – Doutor em Administração – Professor e pesquisador da Unicamp.