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Trabalho e felicidade podem andar juntos?

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Um tema tão atual e que tem ganhado mais espaço é sobre a possibilidade de ser feliz e ter satisfação em trabalhar. Em uma breve pesquisa na internet, constatamos que a maioria dos resultados se ocupam de dar dicas aos trabalhadores sobre como nutrir esse sentimento no ambiente de trabalho, centrando nele essa responsabilidade. Mas qual a função das organizações e gestores de pessoas na promoção de um ambiente mais feliz ao funcionário? 

Ultimamente, temos sido testemunhas de um cenário de insatisfação crescente, onde pessoas dizem trabalhar apenas para “quitar os boletos”. Nas redes sociais, acompanhamos a ascensão de um movimento onde há relatos de frustrações, que reforçam uma ideia de que trabalhar não passa de um fardo sem fuga e que a única saída possível seria herdar uma herança ou ganhar na loteria, tratando com humor a situação.

Outro movimento que ganhou destaque recentemente é o “quiet quitting”, que traduzido ao pé da letra significa: “desistência silenciosa” ou “demissão silenciosa”. Na prática, faz referência ao profissional que tomou a decisão de limitar suas tarefas às estritamente necessárias dentro da descrição de seu trabalho, evitando longas jornadas e sobrecarga, preservando assim sua saúde mental. 

Questões como essas têm se tornado cada vez mais urgentes nas discussões sobre gestão de pessoas, sobretudo em um mercado em que a análise do valor das empresas está diretamente ligada às suas ações de responsabilidade social, governança corporativa, e a forma como cuidam dos funcionários. Corporações com mais de 500 funcionários e com capital aberto na bolsa já são cobradas com relação às práticas de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, responsabilidade social, governança corporativa).

Essas práticas devem se tornar cada vez um referencial de reputação das organizações, além de sua aplicabilidade passar a ser habilidade exigida na contratação de gestores de pessoas. Essa tendência já foi identificada pelas instituições de ensino superior, inclusive, incluindo nas suas grades curriculares disciplinas que tratam de temas específicos como felicidade e inteligência emocional. 

Atualmente, sou titular da disciplina Felicidade no curso de Administração, onde ensino sobre a valorização da natureza humana, tratando de temas como autoconhecimento, autossugestão e compreensão da complexidade e diversidade pessoal e dos colaboradores. Acessamos teoria e prática sobre bem-estar individual e coletivo, com ênfase nas relações interpessoais e no desenvolvimento da inteligência emocional.

Na formação do profissional administrador, espera-se que ele possa gerar felicidade em diferentes cenários e contextos, fortalecendo a harmonia e o sucesso pessoal e organizacional. Para além da preocupação com a saúde mental dos funcionários e seus níveis de satisfação, pesquisas recentes, como a da Universidade de Stanford, revelam que funcionários felizes são até 13% mais produtivos, reforçando que um funcionário feliz também é economicamente vantajoso para a organização.

Grandes empresas já têm adotado iniciativas com vistas à promoção da felicidade no ambiente de trabalho. A Google, por exemplo, implementou a política de permitir que seus funcionários dediquem 20% do seu tempo a projetos pessoais, além de oferecer acesso a programas de bem-estar. Outras iniciativas podem ser consideradas pelas organizações, como a adoção de home-office, que pode aumentar em 20% o sentimento de felicidade do trabalhador. 

Outros aspectos são importantes e contribuem para o sentimento de felicidade, como benefícios e remuneração. Priorizar a felicidade dos colaboradores ajuda a reter talentos, estimula o espírito colaborativo e a empatia entre os profissionais. Então, respondendo à nossa pergunta principal: sim, felicidade e trabalho não só podem como devem andar juntos. Administradores e gestores de pessoas estão se capacitando cada vez mais para promover um ambiente de trabalho mais feliz.  

Por Rodrigo Pereira – Doutor em Ciências das Informação, professor da Faculdade Novoeste.

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