Dirigir em velocidade incompatível com a via foi a segunda maior causa de acidentes nas rodovias federais brasileiras entre janeiro e julho deste ano, perdendo apenas para as causas relacionadas à desatenção do condutor. De acordo com dados da PRF, 2.476 sinistros ocorridos por desrespeito ao limite de velocidade provocaram a morte de 281 pessoas e deixaram outras 2.963 feridas.
O número total de sinistros no período chegou a 38.368, com 3.218 mortos e 44.351 feridos. No topo do ranking das causas mais frequentes de acidentes está a desatenção, registrada oficialmente como reação tardia ou insuficiente do condutor, ausência de reação do condutor e acessar a via sem observar a presença de outros veículos.
Na avaliação do diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra, os números revelam a urgência de reduzir os limites de velocidade não só nas rodovias, mas também nas vias urbanas. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu que o Brasil reduza o limite de velocidade nas cidades para 50km/h como uma medida necessária para reduzir os sinistros de trânsito. Dezenas de países já adotaram esse limite, mas vem crescendo o número de cidades que adotaram uma velocidade ainda menor em suas vias. Em Toronto, no Canadá, o número de sinistros caiu quando o limite de velocidade passou para 30 km/h em 2015”, pondera.
Letalidade
O especialista em Medicina do Tráfego Alysson Coimbra explica que um atropelamento a uma velocidade de 60km/h provoca os mesmos tipos de ferimentos que os de uma queda do 6º andar. “Nessas circunstâncias, a vítima tem 98% de chances de morrer. A velocidade impacta diretamente na gravidade dos sinistros de trânsito. A 30 km/h, há 10% de chance de óbito em um atropelamento. Se a velocidade subir para 50 km/h, o risco de morte chega a 80%”, comenta.
Redução à vista
Hoje, o Código Brasileiro de Trânsito estabelece a velocidade máxima de 80 km/h nas vias urbanas. Mas tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2789/2023, que pretende reduzir os limites para 60km/h nas vias de trânsito rápido; para 50km/h nas vias arteriais; para 40 km/h nas vias coletoras e para 30 km/h nas vias locais. “Esse é o momento de colocarmos em prática medidas simples que podem salvar vidas, como a redução dos limites de velocidade, o aumento das fiscalizações e das ações de educação e conscientização”, completa.
- Sinistros entre janeiro e julho de 2023
Total: 38.368
Feridos: 44.351
Mortos: 3.218
- Velocidade incompatível
Sinistros: 2.476
Feridos: 2.963
Mortos: 281 pessoas
- Fatores relacionados à desatenção
Reação tardia ou ineficiente do condutor
Sinistros: 5.546
Feridos: 6.429
Mortos: 313
- Ausência de reação do condutor
Sinistros: 5.191
Feridos: 5.606
Mortos: 374
- Acessar a via sem observar a presença de outros veículos
Sinistros: 3.623
Feridos: 4.447
Mortos: 214
Fonte: Polícia Rodoviária Federal