Cerca de 52% da população brasileira é formada por mulheres, mas, de acordo com o SEBRAE, apenas 34% das pequenas empresas no país são lideradas por elas. Ainda assim, o número é significativo: são mais de 10 milhões de empreendedoras, a maioria das classes C, D e E, atuando, em sua maioria, no setor de serviços, principalmente em áreas como beleza, estética, bem-estar, moda e alimentação. Mais de 1,3 milhão são empregadoras, ou seja, geram trabalho e renda para as suas comunidades.
Além da necessidade de gerar renda, muitas mulheres encaram o empreendedorismo como uma alternativa para conciliar seus compromissos e equilibrar seus diferentes papéis com a carreira profissional. Mas, será que funciona assim na realidade? Em comemoração à Semana Nacional do Empreendedorismo Feminino, criada em 2023 e celebrada em novembro, preparamos uma lista para desmistificar as crenças mais comuns sobre o tema para você se preparar antes de partir para a vida empreendedora.
1. “Posso trabalhar perto dos meus filhos”
VERDADE, em parte. Gerir um negócio demanda foco e dedicação, é preciso destinar pelo menos algumas horas do dia para se concentrar na empresa. Ter as crianças o tempo todo por perto, apesar de parecer algo prático, pode se transformar em uma dor de cabeça. Por exemplo, se o negócio envolve alimentação, é preciso cuidar da higiene e da ordem do espaço, evitando contaminação e bagunça. Além disso, ter crianças correndo em uma cozinha pode ser muito perigoso e causar acidentes.
Outro exemplo é um trabalho intelectual, que envolve foco e concentração para ser desenvolvido. Isso pode ser muito desafiador para quem tem filhos pequenos, e causar frustração. É recomendável separar pelo menos quatro horas diárias ou alguns dias inteiros na semana para cuidar apenas do negócio e buscar uma creche ou auxiliar para cuidar das crianças enquanto você cuida de seu empreendimento.
2. “Serei dona da minha agenda”
MITO. Embora seja verdade que a empreendedora tenha mais flexibilidade para gerenciar vários compromissos em sua agenda, o mais provável é que o negócio acabe tomando muito mais tempo do que um emprego tradicional, com horário de entrada e saída.
Pessoas que são donas de seus próprios negócios costumam levar o trabalho para casa e se não tiverem muita disciplina para separar da sua rotina a vida pessoal e a profissional, podem acabar se tornando viciadas em trabalho.
A dica é organizar sua agenda criando uma rotina que funcione para você e sua família. Por exemplo, se seus filhos vão para a escola pela manhã, aproveite esse período para dar foco nas atividades que dependem de alta concentração e sem interrupções, como realizar reuniões, visitar clientes, comprar matéria-prima ou confeccionar produtos.
Separe um período na agenda para atividades domésticas, como lavar roupas, passar e cozinhar e procure preparar as refeições da semana em um único dia, para evitar muitas pausas durante o trabalho. Peça colaboração dos demais familiares nas tarefas de limpeza ou contrate um profissional para essas atividades – não tente abraçar o mundo.
3. “Vou trabalhar menos e ganhar mais”
MITO. Como funcionária de uma empresa, você tem uma função específica e recebe por seu trabalho, independentemente de a empresa prosperar ou não. Como empreendedora, seu retorno financeiro depende totalmente do sucesso do seu negócio, isso significa que para ter uma renda significativa, você provavelmente terá que se esforçar bastante.
No início, é bem provável que trabalhe muito e ganhe pouco ou nada. Aos poucos, com dedicação e conhecimento, trabalho duro e decisões certas, a tendência é virar o jogo e começar a faturar cada vez mais. Porém, não se engane, o volume de trabalho será intenso e a jornada será dura, com acertos, erros e tropeços. O importante é manter a disciplina e a perseverança, até que os resultados comecem a aparecer.
4. “Vou me dedicar completamente ao que amo fazer”
MITO. O trabalho da empreendedora envolve muito mais do que fazer o que ama. Uma pessoa que tenha paixão por cozinhar e decida abrir um restaurante passará mais tempo com papéis e pessoas do que com temperos e panelas.
Empreender exige que você desenvolva habilidades em áreas que muitas vezes não têm nada a ver com a sua vocação. É preciso aprender a realizar atividades administrativas, como a gestão financeira, controle de estoque, negociação com fornecedores, gestão de pessoas, marketing, vendas, logística e muitas outras.
Mesmo que você terceirize algumas dessas funções, é preciso entender um pouco de cada uma para saber o que pedir e como avaliar o serviço dos profissionais contratados. Procure participar de eventos e fazer cursos para compreender todas as faces de um negócio e desenvolver competências diversificadas.
Fonte: Febraban