Juliana Guimarães
A miopia é o distúrbio ocular mundial mais comum. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima 35% da população como míope e, até 2050, acima de 50%. O problema é que, nos últimos anos, essa doença está cada vez mais presente no cotidiano, acometendo, principalmente, os jovens. A entidade estima 59 milhões de brasileiros convivendo com esses efeitos, representando 25%.
Para entender melhor, é preciso deixar claro que a miopia é um erro refrativo, comprometendo, diretamente, a qualidade da visão para longe, deixando os objetos turvos. Existem diversos graus e os mais leves causam um moderado embaçamento, sem afetar tanto as atividades diárias, apesar de provocar incômodo com a falta de qualidade na imagem. Entretanto, diversas ocorrências requerem a indicação de óculos para ser possível discernir as imagens adequadamente.
Um hábito muito comum entre míopes é apertar os olhos para enxergar os objetos distantes com maior facilidade e nitidez. A ação é perceptível na sala de aula com os alunos sentados mais ao fundo, realizando esse movimento para tentar ver melhor o que está no quadro.
Infelizmente, desde o início da pandemia, esses números cresceram consideravelmente, principalmente, entre pessoas de 0 a 19 anos. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima uma elevação de 79%, considerando essa faixa etária.
Os principais motivos são variados e estão no confinamento e, consequentemente, devido à ampliação do tempo em frente às telas (computadores, celulares e videogames), entre todas as faixas etárias, sendo que os mais jovens são os mais adeptos desse uso.
A utilização de aparelhos eletrônicos obriga um foco muito maior para visão de perto que longe. O uso intenso provoca problemas, como dor de cabeça, percepção de piora ou embaçamento visual, entre outros. Para evitá-los, o ideal é respeitar a regra do 20⁄20 – a cada 20 minutos de atividade para perto, faça pausas de 20 segundos, olhando para algo distante, como um objeto fora da janela.
Afinal, as telas emitem uma luz artificial prejudicial à saúde ocular de diferentes maneiras, provocando ressecamento, cansaço, ampliando as chances da progressão da miopia.
As várias entidades, como o CBO e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), alertam, frequentemente, aos pais para não expor os filhos, destacadamente, aqueles com menos de 2 anos, a esses aparelhos, estabelecendo limites de uso de uma hora para aqueles entre 2 e 5 anos e, de 2 horas, entre 6 e 10 anos.
A exposição de pelo menos 2 horas de luz solar é essencial para prevenir problemas oculares como a miopia. Os oftalmologistas recomendam incentivar os filhos a passarem mais tempo ao ar livre, pois as atividades em espaços abertos são mais saudáveis que computadores, mas vale alertar para evitar olhar diretamente para o sol.
A miopia tende a evoluir e se estabilizar até os 20 anos, em algumas situações, até os 30 anos. A indicação é uma consulta anual com um oftalmologista para acompanhar a estabilidade desse processo.
A condição é facilmente corrigida com óculos ou lentes de contato adequados, e, para aqueles que desejam a correção permanente, existem cirurgias capazes de corrigir qualquer grau.
*Oftalmologista