Quem tem filhos sabe: acompanhar cada passo do desenvolvimento deles é fundamental para que possamos orientá-los nos desafios que enfrentam e, sobretudo, na busca pelo autoconhecimento.
Afinal, entendendo a si mesma e ao mundo que a cerca, a criança passa a ter ferramentas próprias para tomar decisões importantes e lidar com as questões que vão surgindo no decorrer da vida. “Os pais e responsáveis devem ajudar as crianças a compreenderem melhor seus pensamentos, sentimentos e angústias, contribuindo, dessa maneira, para sua formação como indivíduos, ajudando-os a ter autonomia nas situações cotidianas”, diz Filipe Colombini, psicólogo parental e CEO da Equipe AT. Confira, a seguir, as estratégias indicadas pelo especialista para ajudar nessa missão:
1) Ensine a criança a dar nome às emoções. Afinal, estas fazem parte da vida desde a mais tenra idade e surgem diversas vezes ao longo do dia. Por isso, é importante que os pais estimulem a educação emocional desde cedo. “A criança precisa aprender a nomear suas emoções, sejam elas boas ou ruins. Alegria, felicidade, prazer, raiva, inveja, tédio, ciúmes, frustração, isso tudo precisa ser nomeado e identificado não como um julgamento de valor, mas sim como parte das emoções de um ser humano”, diz Colombini.
2) Ajude a criança a criar percepção sobre suas emoções. Após aprender a nomear as emoções, o pequeno deve ser estimulado na percepção de que sentimentos elas acarretam. Quais as alterações que determinada emoção provoca em seu corpo? O que ela pensa e sente quando tem raiva ou tristeza? “Ter consciência sobre a percepção das emoções ajuda na formação da inteligência emocional e na convivência em sociedade”, diz Filipe. Uma ótima forma de fazer isso é por meio de uma história que traga situações passíveis de serem vividas por seu filho, em que os personagens sejam parecidos com os da vida real. Escolha uma emoção presente ali (como raiva ou tristeza, porque um dos personagens deixo u de ser convidado para uma festa, por exemplo). Então, pergunte ao seu filho: se fosse com você, como se sentiria se não fosse convidado para o aniversário? E, dessa forma, vá criando questionamentos em torno de fatos da história. Essa é uma forma lúdica e prazerosa de ensinar as crianças a perceberem suas emoções!
3) Oriente a criança no sentido de que desenvolva controle sobre as emoções. O pequeno precisa entender que não é preciso lutar contra as emoções, ainda que sejam difíceis. “Nesse caminho que estou orientando, existe todo um processo de identificação, percepção e aceitação das emoções, etapa essa que acaba acontecendo naturalmente e não de forma passiva”, explica Filipe. Na realidade, a criança deve aprender a gerenciar as emoções, regulando-as. Para isso, os adultos podem usar uma série de metáforas, livros, demonstrações lúdicas. Por exemplo, para falar de raiva, uma metáfora que é muito utilizada é a “onda da raiva”. Vale questionar se a onda está menor ou maior ou se já passou. Fazer uso de modelos lúdicos de desenhos e livros é muito importante para ensinar aos pequenos tudo o que é abstrato, como as emoções. Outra estratégia eficaz é estimular a criança a ter seu próprio diário, se ela já estiver em fase de alfabetização.
4) Estimule o gerenciamento das emoções.Como o pequeno deverá lidar com determinada emoção? Existem uma série de estratégias lúdicas que podem ser utilizadas, baseadas na diminuição autonômica da emoção. “Ainda falando sobre a raiva, por exemplo, dá para trabalhar com técnicas de manipulação corporal, como tomar água, exercícios de respiração e yoga, fazer pausas, exercícios de pintura, entre vários outros”, diz Colombini. “Nessa fase, trabalhamos no sentido de desenvolver uma psicoeducação da emoção”, completa.
5) Atenção, pais: estejam atentos às próprias atitudes. Segundo o psicólogo, não adianta os pais apenas falarem, é preciso mostrar, por meio de ações, como gerenciam suas emoções. Dessa forma, como lidar com a raiva do filho sentindo raiva? Isso não é nada construtivo. “Os pais são referências para seus filhos, portanto, é fundamental que estes vivenciem suas próprias emoções, sejam elas boas ou não, e compartilhem estes momentos com seus filhos, no sentido de orientá-los”, destaca Filipe. “Eles devem estar abertos a falar sobre seus sentimentos e estarem sempre dispostos a escutar o filho quando este quiser contar algo, apoiando-o em momentos de dúvidas”, conclui.
Fonte: Comunicação