Mais de 4 milhões de pessoas se contaminaram pelo vírus da dengue no Brasil em 2024. Esse representa o maior surto da doença no país, que causa uma série de sintomas relacionados ao estresse fisiológico. E entre eles está a queda de cabelo.
“Já é bem documentado cientificamente que, alguns meses depois de ter febre alta ou se recuperar de uma doença, muitas pessoas percebem uma perda de cabelo”, explica a dermatologista Lilian Brasileiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O que explica a queda de cabelo após a dengue
Segundo a especialista, esse quadro é chamado de Eflúvio Telógeno. A condição acontece quando os cabelos saem da fase de crescimento (anágena) e entram precocemente na fase de queda (telógena).
“Vários fatores podem desencadear o eflúvio telógeno: infecções virais diversas, como Covid-19 e dengue, cirurgias, medicamentos, início ou interrupção de anticoncepcional, estresse emocional, dietas restritivas, entre outros”, alerta a dermatologista.
Lilian aponta que a queda de cabelo nessas situações de infecção e alta inflamação não é um fenômeno surpreendente. Além disso, é possível notá-lo geralmente cerca de até três meses depois da infecção.
Segundo ela, esse tipo de queda capilar assusta os pacientes, pois pode envolver a perda de até um terço do volume do cabelo. De acordo com a especialista, os pacientes relatam que “punhados” de cabelo saem da cabeça ao tomar banho ou escovar o cabelo, sintoma que pode durar de 3 a 6 meses.
O cabelo volta a crescer?
Felizmente, esse processo é geralmente temporário e autoresolutivo. Isso porque cerca de 85% a 90% do cabelo de uma pessoa saudável está na fase anágena ou no estágio ativo de crescimento. O resto do cabelo está em uma fase de repouso, também conhecida como fase telógena.
“A queda do cabelo é normal, pois o cabelo permanece na fase anágena por cerca de dois a quatro anos,. Depois vai para a fase telógena, onde cai para ser substituído por novos”, afirma a médica.
“Na condição chamada eflúvio telógeno, mais fios de cabelo entram na fase de repouso, resultando em maior queda, principalmente da parte superior do couro cabeludo”, completa a especialista.
Após aproximadamente 6 meses de queda capilar, a maioria das pessoas vê a diminuição do problema e o cabelo voltando ao normal. “Porém, de 10 a 20% desses pacientes podem não melhorar espontaneamente, necessitando de tratamento. Nesses casos, vale a pena passar por uma consulta médica para investigar outras causas de perda dos fios e então tratar adequadamente”, completa Lilian.
A doença também pode agravar quadros de queda capilar pré-existentes. “Por exemplo, se o paciente já sofre com alopecia androgenética, popularmente conhecida como calvície, esse quadro será mais acentuado. Consequentemente, mais difícil de recuperar”, diz a médica.
Tratamentos para a queda de cabelo
A dieta entra como parte do tratamento para cessar a queda de cabelo. “É importante investir em medidas que vão acelerar esse processo de recuperação, como investir em uma nutrição adequada, especialmente com alimentos ricos em proteínas, vitaminas e minerais”, aconselha a médica.
Além disso, é possível também associar tratamentos para evitar que a queda seja ainda mais prolongada e acentuada. “Podemos utilizar, por exemplo, tônicos específicos para controle da queda capilar, assim como podemos realizar a aplicação de laser e medicamentos em consultórios para amenizar o quadro”, diz a profissional.
Lilian reforça ainda que é importante também lavar regularmente os fios, pois a oleosidade excessiva na região pode exacerbar a queda. “Evite ainda realizar procedimentos que possam agravar o problema, como escova progressiva e tinturas”, recomenda.
Por fim, vale ressaltar que é natural que alguns fios caiam diariamente. “A preocupação com a queda só é necessária quando o número de fios caindo por dia for maior que 100, se o volume capilar diminui acentuadamente ou se começarem a surgir falhas. E, caso o paciente apresente queda de cabelo importante com ou sem outros sintomas, o mais importante é consultar um médico para passar por uma avaliação e receber o diagnóstico e tratamento adequado”, finaliza a Dra. Lilian Brasileiro.
Fonte: Saúde em Dia