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O joio e o progresso humano

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A conhecida parábola do joio e do trigo possui uma qualidade ímpar na expressão dos ensinamentos para uma vida digna. Ao se fazer um levantamento da Bíblia, tal parábola aparece apenas em Jó e em Mateus e ambas se complementam. O joio pode ser confundido com o trigo, apesar do destaque ser maior no evangelista. Para Jó, o que importa é levar uma nobre existência a ponto de não pesar nada contra sua pessoa. É chegar no dia do juízo final sem remorsos por não ter feito nada de errado e ainda, ter realizado todo o bem possível. É a balança honesta da justiça, tal como no tribunal de Osíris do antigo Egito. O fundamental era ter um coração leve e bondoso a ponto de não precisar ser enviado para o submundo como forma de expiação. Como o livro de Jó é provavelmente o mais antigo da Bíblia, então sua versão é a que inspirou Mateus.

O joio é uma planta invasora e com aparência semelhante ao trigo a ponto de ser chamado de “falso trigo”, pois seu aspecto só é distinguido em estágio avançado de crescimento. Todavia, diferentemente do trigo, o joio traz em seu interior a possibilidade de estar contaminado por fungos que geram toxinas. O que poderia trazer problemas aos seres humanos. Por isso, misturar o joio e o trigo pode comprometer a qualidade do produto e até mesmo, o bem estar humano. No livro sagrado, a separação das pessoas boas e más dá-se com o tempo.

Entretanto, o campo contaminado pode estar dentro do próprio indivíduo. Quantos pensamentos ruins temos em um único dia? Quantas emoções nocivas frequentam o nosso coração no cotidiano? Quão frequente temos atitudes mesquinhas e pequenas? Somos todos ainda imperfeitos, mas podemos seguir o caminho da perfeição. Todos nós temos cargas enormes de erros do passado, o que acaba nos tornando não campos inférteis e improdutivos, mas que precisam ser limpos e adubados com a nossa própria perseverança e querer. A compaixão de Deus é justamente nos dar tempo e oportunidades para este trabalho. De diminuirmos a nossa sombra interior. De neutralizarmos as nossas fraquezas, os nossos vícios e más tendências. A responsabilidade da vida começa conosco.

Somente quando estivermos higienizados o suficiente e fortes o bastante que conseguiremos ser aqueles que auxiliarão o outro com efetividade e utilidade. Apenas o tempo possibilita esta limpeza e separação, bem como o progresso futuro da pessoa. Por meio das tomadas de consciência e de assumir a responsabilidade pelo seu destino, há o aprimoramento pessoal e a mudança se inicia no interior. Para servir e amar a humanidade, tal como Jesus Cristo nos exemplificou.

Paulo Hayashi Jr. – Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.

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