O indivíduo busca aquilo que tem necessidades e aspirações. Todavia, se não for refletido com esmero, o ser tende a buscar aquilo que é mais fácil, ou que está posto de forma superficial pelos desejos mundanos. São os prazeres da matéria, da existência para suprir a urgência, mas nem sempre o que é mais importante. As paixões e os prazeres tornam-se legítimos buracos sem fundo que levam ao vazio existencial. A tortura mental pela falta acaba sendo maior do que o próprio momento passageiro de felicidade que é curto e que não sustenta a ausência. É preciso buscar cada vez mais como uma autêntica corrida sem fim. Quem faz da vida o atendimento apenas das necessidades materiais acaba desperdiçando tempo e recursos valiosos que poderiam ser empregados para um estado permanente de satisfação. É a contemplação do espírito e de seus propósitos que permite ao indivíduo a sua integração consigo mesmo. De ter a autoconsciência sobre a sua existência, pois não é natural e automático os processos de discernimento e desenvolvimento do espírito e da razão.
Quem se esforça com paciência e persistência desenvolve a diferenciação entre o ter e o ser, bem como daquilo que lhe pertence ou não. É inevitável esta separação, pois conforme o indivíduo avança no degrau de angelitude, sua originalidade e idiossincrasia o tornam únicos. Quem consegue se conhecer sabe de seus potenciais e missão de vida. Cabe o esforço para sua concretude, em especial, a caridade desinteressada que consolida virtudes divinas e a disposição natural ao bem.
Paulo Hayashi Jr. – Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.