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Promovendo a inclusão: terminologias e práticas na educação para todos

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A inclusão escolar vai além de modificar currículos ou recursos para atender a necessidades específicas; trata-se de garantir que todos os alunos, independentemente de suas condições, tenham acesso equitativo a oportunidades de aprendizado significativas. O respeito e a valorização da diversidade é o valor pelo qual reconhecemos a importância de cada pessoa e a reconhecemos como um ser único e irrepetível.

A valorização da diversidade supõe o respeito pelos direitos fundamentais, decorrentes da dignidade intrínseca da pessoa. Tratar, portanto, todos os estudantes como um ‘outro eu’ é peça chave na consolidação de uma escola verdadeiramente inclusiva.

Nesse sentido, instituída em 2015, a Lei Brasileira da Inclusão (LBI) tem como objetivo assegurar e promover, em condições de igualdade e equidade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, visando sua inclusão e cidadania.

Entretanto, nenhuma legislação será capaz, por si mesma, de fazer desaparecer os temores, os preconceitos, as atitudes de orgulho e egoísmo que são obstáculos ao estabelecimento de sociedades verdadeiramente fraternas, justas e solidárias. Tais atitudes só desaparecem com a prática do bem, que vê em cada ser humano um próximo, um irmão.

Mas, ao desejarmos construir um ambiente escolar verdadeiramente inclusivo, quais são os pilares fundamentais para que isso ocorra, de fato, e se realize no dia a dia escolar?

1) O respeito pela diversidade: cada estudante é único, com suas próprias habilidades e desafios. Respeitar essa diversidade é fundamental para o sucesso da educação inclusiva;

2) A acessibilidade: garantir que o conteúdo e os recursos didáticos sejam acessíveis a todos os estudantes, independentemente de suas necessidades, é uma prioridade;

3) A adequação: a educação inclusiva envolve a customização do conteúdo, das estratégias de ensino e das avaliações para atender às necessidades específicas dos estudantes;

4) A colaboração: a colaboração entre professores, pais, profissionais de apoio e terapeutas é fundamental para criar um ambiente de aprendizado inclusivo;

5) A promoção da autoconfiança: a educação inclusiva visa não apenas ao desenvolvimento de habilidades, mas também à promoção da autoconfiança e do interesse dos estudantes.

Um exemplo prático de atividade inclusiva em sala de aula

Ao tratar do aprendizado de forma acessível, é essencial adotar abordagens pedagógicas que integrem experiências sensoriais e cognitivas diversas, promovendo, assim, um aprendizado mais completo e inclusivo. Um exemplo dessa filosofia está presente na atividade Olfato matemático: descobrindo números pelos aromas, descrita a seguir, destinada a alunos cegos e que pode, facilmente, ser repensada para outras áreas do conhecimento.

Nesta atividade, o objetivo não é apenas ensinar conceitos matemáticos, mas proporcionar uma experiência agradável e acessível, que explora um dos sentidos mais poderosos do ser humano: o olfato. Em nossa vida cotidiana, usamos os sentidos de maneira integrada para relembrar experiências, associar momentos e realizar tarefas.

Quem nunca lembrou de uma situação específica ao ouvir uma música ou ao sentir um aroma familiar? A integração dos sentidos em atividades educacionais torna o aprendizado mais dinâmico e cria conexões profundas entre o conteúdo e a vivência pessoal do estudante.

A atividade Olfato matemático exemplifica essa prática ao utilizar diferentes aromas para ensinar conceitos matemáticos como adição, subtração e multiplicação. Para tanto, são utilizados recipientes herméticos com diferentes essências — por exemplo, café, baunilha e lavanda — e fichas em braile com as palavras correspondentes a cada operação matemática.

Ao associar o aroma de café à adição, o de baunilha à subtração e o de lavanda à multiplicação, o aluno cego é convidado a explorar o mundo dos números por meio de um caminho sensorial que enriquece sua compreensão dos conceitos abstratos.

Essa abordagem acessível vai além da simples transmissão de conhecimento; ela estimula o desenvolvimento integral do aluno ao conectar sentidos e abstrações. A experiência olfativa, combinada com o uso do braile, permite que o aluno não apenas memorize os conceitos, mas também crie associações que vão além do mundo puramente visual.

Nesse processo, ele é incentivado a refletir sobre suas percepções sensoriais e a relacioná-las aos conceitos matemáticos, o que potencializa seu aprendizado.

Novas formas de aprendizagem

A verdadeira inclusão ocorre quando proporcionamos a todos os alunos a oportunidade de aprender usando todas as ferramentas e sentidos disponíveis. Ao introduzir o olfato em uma atividade matemática para alunos cegos, estamos não apenas oferecendo uma oportunidade de aprendizado, mas promovendo a exploração de habilidades e competências muitas vezes negligenciadas.

O aluno não é passivamente ajustado a um ambiente de ensino que já existe; em vez disso, ele interage com o ambiente de maneira ativa e significativa, utilizando todas as suas capacidades para compreender e aplicar conceitos matemáticos.

A implementação de atividades acessíveis como essa é uma demonstração de que a educação inclusiva é possível, viável e necessária. Ao explorar diferentes formas de aprendizagem, utilizando todos os sentidos, proporcionamos aos alunos cegos uma oportunidade real de se engajarem com a matemática de maneira significativa, acessível e transformadora.

Esta abordagem é, acima de tudo, um compromisso com a inclusão, garantindo que todos os alunos, independentemente de suas condições, possam aprender e crescer em um ambiente que valoriza suas capacidades e potencial.

*André Barbeiro é professor e coordenador no Colégio Visconde de Porto Seguro, SP, doutor em matemática pela USP e pós–doutor em educação pela PUC–SP.

*William Ulisses é professor no Colégio Visconde de Porto Seguro, SP, e mestrando em educação especial pela Unesp.

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