30/03/2020 08h04
A necessidade do isolamento social fez com que Sônia Coelho, de 63 anos, professora, saísse de sua residência em Campo Grande e se deslocasse para sua propriedade familiar, em Terenos.
A realidade dela é a mesma de muitos produtores do Estado e do País que em um movimento denominado “O Agro não pode parar” mantêm protocolos de segurança, assim como as atividades que irão garantir o abastecimento de alimentos durante esse período.
Sônia conta que ficar no campo não significa descuidar de protocolos sanitários. “Estou aqui no Quintas, uma propriedade rural familiar, onde sou uma das proprietárias e em regime de isolamento que considero imprescindível para que consigamos conter esse vírus tão danoso. Só que eu não me sinto isolada de fato, estou aqui com uma família de parceiros na produção, inclusive com crianças. Estamos tranquilos, tomando todas as precauções, as recomendações, para que nos mantenhamos longe do contato físico, separando os utensílios privativos”.
Para a produtora, a medida de ficar no campo está fazendo muito bem e isso deixa seus familiares mais tranquilos. “Este é um ambiente que eu me identifico e gosto muito. Aqui é uma paz, o que traz um benefício incomum, o benefício da energia, da condição que nós temos de produtividade, da possibilidade de transformar e oferecer o melhor para a população”.
Orgulhoso do seu trabalho, o parceiro de campo da propriedade Quintas, Ailton Sindô de Alencar, fala de todo o cuidado com a produção e os desafios, além da criatividade na produção “Aqui, a produção não para! Estou me sentido muito bem, estou fazendo o que eu gosto e está dando resultado. Quando o governo decretou o estado de recolhimento por causa do coronavírus eu já fiz minha horta, eu me sinto muito feliz e seguro aqui com minha família”.
Agro unido, forte e responsável
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), Mauricio Saito, o trabalho no meio rural diante do atual cenário de saúde mundial reflete sua relevância econômica, mas principalmente social. “Os produtores rurais, comprometidos em garantir que os alimentos
não faltem à mesa da população, mantêm as atividades em pleno funcionamento, adotando todas as medidas sanitárias recomendadas pelos órgãos oficiais quanto ao coronavírus. Assim, os empregos também têm sido mantidos”.
A característica das atividades rurais proporciona segurança por si só, mas ainda assim, o produtor rural não deixa de fazer sua parte. “Naturalmente, dentro da porteira, a segurança é maior porque o fluxo de pessoas é menor, o que facilita, de certa forma, o controle do risco de contaminação. Neste momento, os cuidados com regramentos sanitários estão ainda mais intensos, com os produtores atentos às diretrizes do Ministério da Saúde, com atenção redobrada à saúde dos colaboradores diretos e indiretos”, avalia Saito.
O secretário de Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, enfatiza que é preciso que a compreensão da importância do meio rural venha acompanhada da influência do impacto do coronavírus em todos os elos econômicos, considerando o momento difícil da economia não só do Estado, mas como de todo o país. “As cadeias produtivas, de uma maneira geral,
do setor primário até o de serviços, atendimento e comércio, passam por várias etapas, todas elas com características de natureza distintas em relação à aglomeração de pessoas. Ainda assim, o que impacta em uma ponta recai em outra, no agro não é diferente”.
Sendo assim, Riedel reforça que a necessidade do equilíbrio produtivo e o acompanhamento do quadro de oferta e demanda. Sobre o perfil agropecuário, o secretário reforça: “As propriedades rurais de uma maneira geral vão se manter produzindo. Acompanhamos em Mato Grosso do Sul, por exemplo, várias delas trabalhando com uma série de medidas protetivas ao trabalhador, com limitação de entrada e de saída de pessoas na área de produção, com protocolos específicos para os caminhoneiros ao carregar ou descarregar insumos e produtos”.
Ana Brito – Subsecretaria de Comunicação