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Para onde caminha a Humanidade?

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Nós, ocidentais, temos uma visão equivocada do tempo, como se ele fosse uma linha reta, saindo das trevas e indo sempre em frente, na busca eterna pela luz. Isso nos traz um certo consolo, uma justificativa íntima para todas as nossas conivências e conveniências. Cíclico, o tempo nos revela em espiral, nos levando pelas curvas, subidas e descida da história, do tempo, da vida. Assim ficam mais compreensíveis as coisas deste mundo e nos dá a sensação e a convicção de que devemos estar sempre atentos, atentos e serenos na defesa diária da liberdade de expressão, do livre pensamento, no direito de ir e vir, de questionar, de buscar e apontar um novo caminho.

Muitos foram os momentos da mais profunda treva e da mais completa luz na história da Humanidade. Duradouros ou efêmeros, passamos por essas estradas ou pequenos atalhos na longa caminhada da existência humana sobre a face da Terra. Muitos foram os momentos que são de eterno exemplo e referência para todos nós, daquilo que se deve e que não deve ser feito, permitido, repetido. Nessa esteira, analisamos também os processos que levaram a períodos extremados, com reflexos para todo o sempre, daquilo que nunca mais deve se repetir.

As intepretações equivocadas desses períodos, sem uma clara visão do todo e das entrelinhas que os antecederam e os envolveram, são sempre utilitárias, prestando um grande desserviço às gerações e a plena compreensão de determinado momento vivido pelos povos do planeta, de todas as nações. O que vale destacar é que os períodos mais negros contaram não só com a conivência de grande parte da população envolvida, mas com a sua direta participação e aquiescência. Foi assim com a dor ensanguentada do Cristo; a escravidão secular, continental e transatlântica de todo um povo; as perseguições, invasões e genocídios da II Guerra Mundial; o golpe militar no Brasil e na América Latina; a invasão do Iraque, berço da Humanidade e cenário universal das histórias infantis; o ódio diário nas ruas ao que é diferente, ao que é novo, ao que não tem nome.   

Os messianismos, o radicalismo desmedido, as intransigências em momentos das mais profundas crises sempre guiaram e justificaram as atitudes e decisões dos povos em situações difíceis, revelando uma mentalidade e consciência advindas das trevas, o lado de pouca luz que habita a alma humana. Ainda não rompemos com o umbilicalismo belicoso das cavernas, com os mais enraizados extintos primatas, os sentimentos segregacionistas dos bandos, das tribos, dos eleitos.  

Saio para as ruas em busca de um novo tempo, como se ele existisse fora, habitando o mundo à minha volta. Busco aqui, ali e acolá. Ele não está. Vejo nas bancas de revistas as capas dos jornais, me assusto; paro e penso, diante da realidade que não desejo: apesar de toda arrogância, de toda prepotência, de toda ignorância e da falta de esperança, lá, nos confins do mundo, alguém irá ver o sol se pôr, e será belo! 

Por Petrônio Souza Gonçalves – jornalista e escritor

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