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Advocacia e a construção de uma sociedade mais justa

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No antigo estado francês da Bretanha, na Alta Idade Média, viveu um aluno de São Tomás de Aquino que foi alçado à santidade pela pureza e destemor de seus atos em defesa dos desfavorecidos. É dele a célebre frase – “Jura-me que tua causa é justa e eu a defenderei gratuitamente”. Ele, no mais puro exemplo de amor cristão, inaugurou um serviço de assistência judiciária gratuita que anos mais tarde viria a inspirar a atual instituição da Defensoria Pública. Seu nome é conhecido como Santo Ivo, padroeiro dos advogados.

Ao longo de centenas de anos até o presente século, não se mensura a importância do exercício da advocacia para a construção de uma sociedade mais justa, livre e solidária. Não por menos o advogado é essencial à administração da Justiça, exercendo múnus público de impreterível função social. Tal se deve ao fato de que o seu acesso à justiça é condição básica para a dignidade da pessoa humana. 

Nossa missão é não apenas a de defender a boa causa, mas atuar com altivez e sensibilidade para pacificar o conflito social e garantir a plena consecução da Justiça. Como diria argutamente Ruy Barbosa, é mais que uma profissão, é de uma dignidade quase sacerdotal. E, assim sendo, deve mostrar a sua dignidade em cada ato, desde a empatia pelo sofrimento do cliente até o zelo, ética e transparência na condução da causa, passando pelo não aviltamento de honorários.

A verdadeira advocacia não é o comportamento arrogante e distante típico dos inseguros, antes é o engajamento ético e zeloso com a causa e a pureza de propósitos em relação ao cliente. É conectar-se com a sua angústia em paradigma de horizontalidade e sensibilidade. Feliz é o verso solto do poeta e advogado Quintino Cunha quando registrou: “Na história da teimosia, entre a rudeza e a arrogância, é tão forte a ignorância, tão cruenta, tão mendaz, que a própria Sabedoria; de tudo, sabendo tanto, não pôde saber de quanto, o ignorante é capaz.”

Neste dia 11 de agosto, Dia do Advogado, que toda a classe reflita sobre a nobreza da mais bela das profissões e que sejamos dignos de nosso status pela promoção irrestrita do Estado democrático de Direito e dos direitos fundamentais.

Por Helano Márcio Vieira Rangel – Advogado, docente da Estácio.

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