É provável que você conheça alguém que, apenas pelo fato de chegar a um ambiente, espalha uma energia extremamente boa. Usualmente, são pessoas equilibradas emocionalmente e que, mesmo diante das adversidades, não se abatem. Elas têm sempre um olhar positivo em relação a praticamente tudo. São também espontâneas, alegres e divertidas. Quase sempre, essas são as mesmas pessoas que conquistam facilmente quem está ao seu redor, sem fazer muito esforço. E, evidentemente, nem todo mundo vai gostar delas por isso. Em geral, pelo péssimo ato de ter inveja.
Seja no âmbito pessoal, seja no profissional, lidamos, constantemente, com indivíduos invejosos. Normalmente, eles não se esforçam para mudar suas atitudes, tampouco melhoram suas competências e habilidades. Acreditam que a vida do outro é sempre melhor ou, como diz o ditado, que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. No entanto, esquecem que nada na vida é conquistado sem esforço e dedicação.
Para nos aprofundarmos um pouco sobre este tema, é importante pontuar que inveja é o desejo incontrolável de ser igual a alguém, sob perspectivas diferentes: financeira, profissional, intelectual, pessoal ou qualquer área que projete algum tipo de destaque perante a sociedade ou dentro das organizações.
Por meio dessa conduta inadequada, a pessoa cobiça, pateticamente, o carro do vizinho, os títulos do primo esforçado, o conhecimento sólido do parceiro de faculdade, a comunicação eficiente e objetiva do gerente da empresa, a rapidez de raciocínio do companheiro de trabalho e tantos outros aspectos.
Nesse contexto, atuando como headhunter, o famoso “caça-talentos”, tenho sempre orientado executivos e profissionais a buscar o autoconhecimento, uma vez que ele é peça fundamental para quem quer evitar esse triste comportamento. Se você está incomodado com o sucesso alheio, existe algo errado e é com você.
Em um mundo cada vez mais colaborativo, precisamos constantemente nos conectar com as outras pessoas, pois praticamente tudo pode ser compartilhado. Dessa forma, festeje sempre o sucesso do outro. E se você percebe que tem tido inveja de colegas no ambiente de trabalho, se esforce para evoluir, focando sua atenção nas suas habilidades e nas tarefas que lhe competem realizar.
Pense no papel que tem a desenvolver, ou seja, é preciso assumir o seu protagonismo e ganhar relevância para ser percebido, obter destaque e consistência técnica. Nesse sentido, te pergunto: o que você tem feito para se diferenciar dos demais profissionais? Quais ideias têm sugerido para mudar um processo, melhorar a qualidade de execução de tarefas ou para reduzir custos onde você trabalha? Você é o tipo de colaborador que entregar apenas o que lhe foi solicitado ou busca superar as expectativas? Em um novo projeto pensam logo no seu nome? É o tipo de profissional que as pessoas têm como referência? Se a maior parte das suas respostas for não, acredito que você não esteja no caminho certo e isso pode impactar diretamente sua trajetória profissional e reforçar os sentimentos de inveja por outros colegas no dia a dia.
Minha dica é: faça sua parte. Afaste o olhar invejoso que você possa estar desenvolvendo pelo seu colega, liderado ou pelo seu líder. Pare de observar o que eles fazem de melhor e também o que você não admira neles, e busque se capacitar constantemente, investindo na melhoria de suas competências e habilidades. Aprenda novos idiomas. Vista-se adequadamente para a posição que deseja e não para a que exerce no momento. Essas são apenas algumas dicas para quem quer ter destaque no ambiente de trabalho e também reforço na autoestima, afinal, o que é a inveja senão baixa de autoestima?
Torne-se pessoa de luz por onde passar, seguro(a) dos seus atributos profissionais e pessoais. Há espaço para todos. Só precisamos colocar energia no que de fato é importante. Pense nisso.
- David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent Executive Search, empresa que atua em 30 países, via Agilium Group. É também conselheiro de Administração pela Fundação Dom Cabral (FDC) e professor convidado pela mesma instituição.