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Relações afetivas adoecidas: o que fazer? 

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Muitas são as causas que podem adoecer nossos relacionamentos: discordâncias, ciúmes, depressão, ansiedade, pânico, burnout, bipolaridade. O próprio adoecimento físico como o câncer, traz para muitos casais uma série de incompreensões. Também o luto ocasionado pela perda de um familiar, do trabalho ou mesmo a nossa condição financeira. Tudo isso somado pode nos levar ao pior dos cenários, o do desentendimento, onde deveria haver amor, cumplicidade, trocas afetivas, compreensão. Porém esse não precisa ser o fim do relacionamento, mas um excelente ponto de reflexão e de mudança sobre aquilo que não vai bem. 

Em nossos vínculos afetivos, quando ameaçados os valores essenciais que trazemos, cumulativamente, vai se deteriorando aquilo que trazemos de mais bonito. Porém, o amor também pressupõe sacrifício e este nos faz compreender o valor de uma relação.  

Todos os sentimentos e emoções inerentes ao ser humano precisam ser compreendidos sempre em relação ao contexto que a vida oferece, dia após dia, seja na dimensão social, política, religiosa, familiar, em todos os desdobramentos que comportam. É essencial que possamos nos relacionar com o outro e ter qualidade nestas relações. 

Mas, infelizmente, muitas situações podem alterar nosso equilíbrio emocional e deixar  nossas relações afetivas comprometidas.  Com isso, elas podem efetivamente adoecer.  

No geral, entendemos que as emoções são reações que temos quando recebemos estímulos internos ou externos, com maior ou menor consciência, uns mais intensos, outros não tão claros assim. 

Os sentimentos se originam nas emoções e estão relacionados a conteúdos intelectuais – a valores, a um estado psicológico mais duradouro – que podem permanecer “armazenados”. O fato é que ambos, emoção e sentimento, são interpretações da subjetividade de cada pessoa, e passam por um universo particular. 

Quando duas realidades psíquicas se unem, isto é, duas pessoas diferentes, unem-se dois mundos psicológicos. Isso faz com que, ao entendermos esses sentimentos e emoções através do autoconhecimento, possamos ter clareza para notarmos quando algo não corre bem e estas relações estão adoecidas. 

E o que fazer quando percebemos que algo não vai bem? O primeiro passo é reconhecer que algo está mal, que a comunicação está falha, que há um distanciamento, que a tolerância com o outro está baixa. Perceba o que tem acontecido em sua vida de forma geral, que pode estar adoecendo você e sua vida afetiva. Parece simples, mas reconhecer pode ser o passo mais doloroso, e não adianta fugir dele, pois é como esconder a sujeira debaixo do tapete. 

Ao reconhecer, dialogue, converse e, com isso, avaliem as possibilidades, para tomarem decisões mais amadurecidas e pensadas. Parece simples, mas na comunicação, ou na falta dela, é que moram nossos maiores problemas. Converse presencialmente, não por indiretas ou mensagens longas via redes sociais, como o whatsapp. Olhe, perceba o outro, e deixe-se ser olhado também. 

Não queira apenas relações convenientes! É muito fácil recusar o outro porque ele tem uma opinião diferente da minha, está passando por dificuldades ou está com seu humor deprimido. A conveniência é fácil porque é descartável, pode ser mais rápida e exige menos esforço. Claro que ser empático não é o mesmo que aceitar uma relação abusiva, pois isso é bastante diferente e jamais deve ser permitido. Seja numa amizade, num namoro ou num casamento, não podemos ser diminuídos ou anulados pelo outro, porque para sermos inteiros com o outro, é necessário, primeiramente, sermos honestos conosco mesmo. 

Como diz a música: “é impossível ser feliz sozinho”, mas a forma de amar e se relacionar fará toda a diferença. Um relacionamento pesado, cheio de críticas e cobranças, não sobrevive. Um relacionamento eternamente infantil, que não encara as dificuldades da vida, também não resistirá por muito tempo. 

Precisamos da coragem e da maturidade para viver aquilo que nos distancia, aquilo que pode estar ferindo o que de mais bonito construímos com o outro. Há o momento de cedermos à ajuda do outro, e também o momento em que nós seremos a ajuda para o outro. E assim, sustentamos o carinho e o amor pelo outro em todas as situações, adversidades e nos desafios da vida.

Por Elaine Ribeiro – psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.

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