É muito comum nessa época as pessoas prometerem a si mesmas diversas resoluções para o ano que começou. Muitos colocam como meta uma nova carreira, viajar, estudar uma nova língua ou até mesmo eliminar alguns quilinhos que estão incomodando. Mas e se a ideia for tirar um ano sabático? De acordo com o especialista Rica Mello, gestor de pessoas, palestrante e empreendedor em diversas áreas de atuação, até o “dolce far niente” precisa ser organizado e ter algum propósito.
Na opinião de Rica, ficar por um período sem trabalhar para passar os dias em casa dormindo ou assistindo séries não é inspirador e não mostra o comportamento que as empresas querem em seus colaboradores. “O ano sabático deve ser vivenciado com atividades que vão agregar algo na vida pessoal ou profissional, como se engajar em alguma causa, ajudar uma ONG, viajar para conhecer outras culturas ou aprender novos idiomas. De qualquer forma, é preciso que exista uma finalidade, um sentido nessa pausa na carreira. Além disso, é necessário ter uma boa reserva financeira”, destaca.
Muitas pessoas, em determinado momento de suas vidas profissionais, precisam de uma pausa para voltar a se conectar com as coisas que realmente importam. No entanto, quando as férias não se mostram suficientes, um período sabático pode ser a melhor solução.
O motivo pode ser também uma aproximação com familiares. “Quando os pais estão um pouco mais velhos, por exemplo, é um momento em que é importante estar perto e acompanhar essa parte da vida de nossos genitores. Isso não só é benéfico, como trará um sentimento de satisfação interna. A mesma situação se aplica ao optar por um período sabático para cuidar de um filho pequeno, acompanhando o amadurecimento dessa criança em uma fase crucial. Esse tipo de motivação para um ano sabático pode trazer mais compaixão e cumplicidade”, pontua Rica Mello.
As várias experiências vividas em um ano sabático são necessárias, justamente porque as pessoas vão querer ouvir sobre essas vivências quando o profissional retornar. “Elas vão perguntar o que foi feito durante esse período, quais benefícios seus filhos ou pais tiveram com a sua presença e como isso o aprimorou como indivíduo. Em uma viagem, por exemplo, as pessoas vão querer saber quais países você visitou, porque você escolheu aqueles lugares, como essa viagem te enriqueceu como pessoa e se, realmente, esse ano sabático pôde agregar algum valor interno que será levado para a vida toda, tanto na parte pessoal quanto profissional”, declara o especialista.
Para o gestor, a ideia de se ausentar por um ano ou seis meses apenas para descansar não é forte o bastante. É preciso que esse período, criativamente, ofereça algum valor. “Esse descanso deve vir com a ideia de ócio criativo, em que o indivíduo vai se dedicar à leitura, pesquisa ou estudo. Tudo isso pode se transformar em criatividade e inovação, porque será possível olhar para os mesmos problemas, mas sob uma ótica totalmente diferente”, revela.
Rica Mello acredita que, com propósito, um ano sabático pode ser muito valorizado por empresas e contratantes. “Dependendo de como se apresenta essa narrativa do período sabático, no trabalho ou em outros lugares em que se deseja buscar uma nova oportunidade, esse período de experiências ao redor do mundo ou com a família vale mais do que um ano no escritório. É uma questão de quais foram os aprendizados e como isso irá transformar essa pessoa em um profissional melhor”, relata.
Já pelo lado dos empresários, um tempo sabático requer algumas precauções. “É preciso que exista uma estrutura que dê suporte à ausência para que a companhia continue funcionando normalmente. Se não existir essa possibilidade, as chances de passar seis meses ou um ano completamente afastado é baixa, pois a operação ainda depende desse gestor. Em algumas decisões simples, por exemplo, é possível designar uma equipe competente para atuar e manter a tranquilidade do empresário que optou por se afastar por um período. Já em casos extraordinários, como a pandemia, esse empresário deverá retornar aos seus afazeres para efetuar as melhores decisões em um momento de tanta turbulência no mercado e na indústria”, alerta.
Assim como com qualquer pessoa, esse período sabático por parte de um empresário deve oferecer algum tipo de evolução. “Na vida corporativa, tudo se resume ao que aprendemos, quais foram as experiências e como isso irá melhorar as escolhas da vida pessoal e profissional daqui para frente”, finaliza Rica Mello.
Fonte: Carolina Lara Comunicações