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Campo Grande

Verão na provencee

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Estou morando em Lisboa, este ano, mas venho novamente de visita ao sul da França, pois gosto demais da Côte D´Azur e da Provence, que fica encostadinha. Passamos por Nice, onde já ficamos algumas vezes – uma cidade grande e linda, à beira do Mediterrâneo  –  e estamos em Fayence, cidadezinha da Provence, encantadora. Estamos no início do verão, então recém saímos da primavera, de maneira que está tudo muito verde e pejado de flores, muita cor por todo lado.Vejam que privilégio: escrevendo minha crônica na Provence, ao ar livre, ouvindo a cigarra, que é tempo dela, e os muitos passarinhos que (po)voam a região.

Minha filha mora aqui, em Fayence, numa casa ampla e acolhedora, com todos os confortos  de uma casa da cidade e o bônus de estar rodeada de árvores, numa região tranquila e pacata. Muitas vinhas – as uvas estão cacheando, o fruto ainda está pequeno, mas os pés estão carregados. As oliveiras também  de floresceram recentemente, estão cheias de azeitonas, sem contar os pés de nozes, de amêndoas, de ameixas (aquela com a qual se faz a ameixa preta, eu esclareço, porque no Brasil chamamos a nêspera de ameixa, erroneamente), figos, cerejas, pêssegos, morangos, etc., etc.

É verdade que  o interior nos dá várias vantagens, como o ar puro, a boa comida, muita coisa produzida aqui mesmo, o bom vinho, a amizade dos vizinhos que nem são muito próximos, geograficamente, porque todos têm terrenos grandes, mas todos se conhecem e se dão bem.

No segundo dia desta revisita à Fayence, saí com Romain para fazer compras. Fomos a uma quitanda, em Montauroux, tipo Direto do Campo, aí no Brasil, com muita variedade de frutas e verduras, legumes e queijos, tudo fresquinho. E mais: tudo com certificado de origem, com o nome do produtor. Uma beleza. Dá vontade de levar tudo. Romain comprou muita coisa, inclusive uns cogumelos Porcini, fresquinhos e grandões, que ele fez grelhados e ficou uma delícia.

Também fomos a um supermercado que tem um açougue fantástico: diversos cortes de carne de vaca, de vitelo, de borrego, de carneiro, frescas e de aparência excelente, organizadas em seus diversos cortes, inclusive alguns já temperados, prontos para ir ao fogo. E os embutidos e queijos da região também são ótimos, especialidade da região. O jantar foi um banquete.

E depois passamos numa boulangerie, quer dizer, padaria. E os pães, ah, os pães e derivados, doces e salgados, recheados ou com cobertura e com essa farinha de grano duro daqui… Eu sou suspeito para falar porque sou movido a pão,  mas dentre uma variedade imensa de pães  deliciosos, há um que eu consegui gostar mais, que é um pão de gorgonzola. Mas gosto de todos.

No dia seguinte fomos a Seillan e jantamos no restaurante La Gloire de mon Pére. Pedimos comida da região e conhecemos pratos fabulosos. O restaurante fica num declive ao lado da rua, mas como agora é verão e há uma área belíssima do lado de fora, com árvores centenárias, uma fonte enorme no meio e uma outra fone coberta ao lado, também centenárias, as mesas ficam dispostas ao redor da fonte redonda e as lanternas por todo o espaço e as lâmpadas no alto tornam o ambiente meio mágico. Já havíamos estado ali, em outras visitas, mas como era inverno, o restaurante funcionava só dentro do prédio. É um lugar belíssimo.

Ontem estivemos no Lac de Saint-Cassien, um lago enorme que abastece a região e também tem praias, além de ser um lugar onde se pode pescar e fazer aulas de mergulho. Isso tudo sem falar na vastidão de água, outro lugar belíssimo.

Fernanda aniversariou, no dia 24 de junho, e fizemos uma festa junina bem brasileira, com pé-de-moleque, paçoquita, bolo de milho, cachorro quente, brigadeiro, cajuzinho, beijinho, pipoca, tortas salgadas. Quentão não teve, porque é verão, então teve sangria, com vinho tinto e vinho do Porto e muita fruta. Não teve fogueira, claro, pois está bem quente. Mas teve roupa xadrez, teve chapéu de palha, teve barraca do beijo, teve prisão, teve música junina e brasileira. Muita coisa vinda do Brasil. Os amigos do casal ficam esperando a festa junina de aniversário o ano todo. E este  ano, na casa nova, o espaço no jardim é imenso. Encontramos muitos brasileiros que vivem aqui.

Nem vou falar da Côte D´Azur, com suas infinitas belezas, senão isso vira um livro. A Provence é lindíssima, é um lugar ideal pra se viver. A qualidade de vida aqui é espetacular.

Está um calorão neste início de verão, mas Fernanda e Romain tem piscina e nós e o Charlie, um Gold Retriever grandão e bonachão, que adora água, aproveitamos muito. O paraiso mora aqui, também.

 Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA.

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