A desigualdade social é um dos principais fatores que contribuem para a perpetuação da pobreza em nossa sociedade. E ela vai além das diferenças econômicas entre indivíduos e grupos, alcançando os aspectos mais profundos de nossas relações sociais.
Essa desigualdade resulta no esgarçamento dos laços que nos conectam como comunidade e acaba por capturar o ambiente político, resultando em políticas públicas enviesadas e prejudiciais. Ou seja, uma das consequências diretas é a presença estatal precária nas áreas menos favorecidas, aquelas não atendidas pelos programas políticos.
A falta de políticas públicas efetivas serve para aprofundar as estruturas sociais excludentes, gerando uma série de barreiras que restringem o acesso aos recursos básicos e às oportunidades. Essas barreiras são uma manifestação material das estruturas excludentes e é imprescindível equalizá-las para alcançar uma verdadeira justiça social. Combater a desigualdade é, portanto, uma das formas mais eficazes de promover a inclusão. E é importante lembrar que pessoas com deficiência também enfrentam uma série de barreiras em seu dia a dia, sendo impedidas, por diferentes preconceitos, de participar ativamente da sociedade.
Além disso, outra consequência da desigualdade social é o aprofundamento da emergência climática. Indivíduos mais carentes e as pessoas com deficiência, em geral, enfrentam maiores desafios de saúde e tendem a morar em regiões mais vulneráveis aos efeitos negativos de eventos extremos relacionados às mudanças do clima. Portanto, a igualdade de oportunidades e o acesso a recursos adequados são fundamentais para garantir a resiliência das comunidades em face dos desafios ambientais.
No entanto, é importante ressaltar que a busca pela sustentabilidade ambiental não pode servir como pretexto para a reprodução de estruturas sociais excludentes. Devemos priorizar a justiça, a educação, o trabalho, o empreendedorismo e a criatividade na construção de estruturas sociais verdes, inclusivas e justas. Somente assim seremos capazes de enfrentar de forma efetiva a desigualdade social e, consequentemente, a pobreza, ao mesmo tempo em que trabalhamos para resolver a emergência climática.
Portanto, é fundamental reconhecermos a interconexão entre a desigualdade social; a exclusão das pessoas com deficiência e dos mais carentes; e os desafios ambientais.
A equalização de barreiras e a promoção de estruturas sociais mais justas são passos cruciais para superar as desigualdades, garantir a inclusão plena de todos os membros da sociedade e, assim, criar um futuro sustentável para as gerações presentes e futuras.
Por André Naves – Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.