Nas minhas visitas a países da Europa, muita coisa tem me encantado. É certo que também me encantei com viagens à Africa, como Egito, a história elevada ao mais alto grau, e Marrocos. Mas lugares como Portugal, França, Itália, Espanha, Suiça, Croácia, Grécia, Turquia, etc. mostraram-me uma coisa que me chamou a atenção: a quantidade de livrarias na França, na Itália, em Portugal. Em Genebra, Veneza, Lisboa e outras cidades, encontrei oferta de livros a céu aberto, como se fosse uma feira do livro permanente.
Em Portugal existe uma livraria que atravessa uma quadra inteirinha. São livrarias enormes, verdadeiros templos de cultura. Também à feiras de livros a céu aberto. E a gente encontra pessoas lendo sentadas à beira do Tejo, na Praça do Comércio, aos pés da Torre de Belém, perto do Monumento dos Descobridores, nos gramados e nos bancos das praças, no metrô, no trem, nos ônibus, etc.
Na França também são muitas as livrarias. Na Itália, até em Veneza, apesar das “cales” estreitas, elas são numerosas. Em algumas das vielas vi diversas, uma ao lado da outra, além de salas de clubes de leitura, em plena atividade. Em Roma, ao lado do nosso hotel tínhamos uma e, na volta do jantar, à noite, havia como que um auditório, com muitas pessoas discutindo sobre alguma obra lida.
Então leitura é uma coisa que faz parte do dia a dia dos europeus e pode ser até que o número de livrarias não pareça muito grande para quem vive ali, mas comparado ao que temos no Brasil, a diferença é gritante.
Cultura é um diferencial no velho mundo, com certeza. A história secular de algumas cidades, ou milenar, como os casos de Roma e Veneza e algumas outras, é uma coisa que marca a gente.
Não há como andar em Veneza, em Roma, sem pensar que estamos pisando em chão que foi pisado por personagens dos mais importantes da história do mundo. A cultura que se respira, que se pode testemunhar em lugares históricos, em cidades e monumentos tombados como patrimônios da humanidade é uma coisa que impressiona sobremaneira.
A viagem de trem, de Veneza para Genebra, principalmente depois de Milão, é de uma beleza indescritível. As vinhas, em Montreau, Sion e outras cidades pelo caminho, lembram o Douro, em Portugal. Mas há lagos, há os picos nevados, há a arquitetura, há
também as árvores que lá ficam com as folhas mais amarelas do que em Portugal.
Viver essas visões, essas sensações, absorver toda essa beleza e toda essa informação e toda essa cultura não tem preço. É uma experiência única.
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA.