Vivemos em tempos tumultuados, especialmente nos últimos anos, onde a velocidade da informação alcançou níveis sem precedentes, graças aos avanços tecnológicos que possibilitaram a disseminação instantânea de notícias e informações até os lugares mais remotos do mundo. Essa mesma tecnologia também deu às pessoas a capacidade de compartilhar e expressar suas opiniões, seja por meio das redes sociais de alcance global ou em círculos mais próximos, como família e amigos.
No entanto, surge um problema quando muitos indivíduos não conseguem aceitar ideias contrárias às suas próprias ou às de grupos aos quais pertencem. Isso frequentemente leva a discussões acaloradas, confrontos virtuais e, em alguns casos, até mesmo conflitos pessoais, como temos testemunhado.
Nesse embate de ideias e convicções, frequentemente testemunhamos ataques pessoais brutais à honra e à dignidade das pessoas. É lamentável a quantidade de casos desse tipo que resultam em rupturas de amizades e relacionamentos familiares, e, em alguns casos, até em processos judiciais com sentenças diversas.
Em meio a esses constantes embates no campo das ideias e convicções, muitos acabam exagerando nas retaliações contra a outra parte. Até mesmo a justiça, que deveria ser imparcial e justa, muitas vezes parece tomar partido, favorecendo determinadas pessoas ou grupos, especialmente os de viés político. Isso é profundamente lamentável, pois só serve para acirrar ainda mais os ânimos já exaltados na sociedade.
Em um momento como este, é interessante observar como a sabedoria transmitida nas Escrituras Sagradas pode ser aplicada. Deus, em Sua infinita bondade e sabedoria, parece ter antecipado esses tempos difíceis em nossa sociedade e nos estimula a sermos sábios e pacificadores.
Isso significa que podemos e devemos lutar por nossos ideais, desde que estejamos fundamentados em princípios morais e espirituais sólidos e em conformidade com as leis do nosso país. No entanto, isso não deve nos impedir de amar o próximo. Isso requer que ajamos com sabedoria e paciência, ouvindo os pontos de vista das pessoas, mesmo que discordemos delas, sem entrar em conflito.
Pelo contrário, é essencial que façamos um esforço para demonstrar respeito pelos outros como indivíduos e cidadãos, mesmo quando discordamos de suas convicções e que consideremos essas ideias prejudiciais aos valores familiares e à sociedade como um todo.
Russell M. Nelson, presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, recentemente abordou esse assunto ao destacar que temos o livre-arbítrio para escolher entre o conflito e a reconciliação. Ele nos exortou a escolher a paz, enfatizando que a raiva nunca persuadiu ninguém, a hostilidade não constrói nada e a contenda nunca leva a soluções inspiradas.
É triste constatar que as contendas também ocorrem dentro dos lares, onde indivíduos menosprezam seus cônjuges e filhos, lançando mão de explosões de raiva para tentar controlar os outros ou aplicando o “castigo silencioso”.
É importante lembrar as palavras de Jesus Cristo, nosso grande exemplo a ser seguido, que chamou de “bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” e nos instruiu a amar até mesmo nossos inimigos, abençoar aqueles que nos amaldiçoam e fazer o bem àqueles que nos odeiam, além de orar por aqueles que nos maltratam e perseguem.
A Bíblia contém várias passagens que nos incentivam a ser pacificadores e promover a paz. Aqui estão algumas delas:
Em Romanos (12:18): “Façam todo o possível para viver em paz com todos.” Paulo exorta os cristãos a fazerem o máximo para viver em paz com todas as pessoas, destacando a importância da paz nas relações humanas.
Tiago (3:17-18): “A sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amorosa, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera. O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores.” Tiago destaca que a sabedoria divina promove a paz, e os pacificadores colhem os frutos da justiça.
Hebreus (12:14): “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor.” A carta aos Hebreus nos lembra da importância de buscar a paz como parte da nossa busca pela santidade e pela comunhão com Deus.
Essas passagens destacam a importância de sermos pacificadores, buscando a paz em nossas relações e promovendo a reconciliação e a harmonia, de acordo com os princípios cristãos e os ensinamentos da Bíblia.
Em tempos como estes, mais do que nunca, precisamos de pacificadores que possam trazer equilíbrio e compreensão para uma sociedade dividida. Ser um pacificador não significa abrir mão de nossos princípios, mas sim agir com sabedoria, empatia e amor, mesmo nas situações mais desafiadoras. É um chamado para promover a reconciliação e buscar soluções que beneficiem a todos, em vez de perpetuar o ciclo de conflitos e contendas. É hora de cultivar a paz em nossos corações e estender a mão da conciliação aos outros.
Por Wilson Aquino – Jornalista e Professor.