Olá amigos, nem sei como começar esta mensagem. Nosso coração, assim como o de vocês em Israel, está dilacerado. A dor é enorme. A incerteza grita. As lágrimas descem, assim como o sangue de nossos mártires foi desperdiçado.
Nossa alma também se padece com os flagelos do terror. Comemos o mesmo pão, esverdeado de tanto mofo, que vocês. As teias que nos unem, ainda que distantes no espaço e até no tempo, estão mais fortes do que nunca! Somos parte de uma mesma família! SOMOS IRMÃOS!
Acredito que seja melhor saudá-los novamente: “Olá Irmãos!”. A verdade é que estamos aqui, mas nosso pensamento está aí. Muito mais que isso! Nosso sentimento, nosso coração, nossa alma, nosso amor e nossa solidariedade!
De tão diferentes, temos a certeza absoluta de que nossas falhas se completam nas qualidades de vocês, assim como seus pontos fracos, em nossos fortes! Somos parte de um mesmo quebra-cabeças humano: nossa força, nossa beleza, está na união.
Estamos aqui! SOMOS AQUI! Vamos, todos, usar esse sentimento de lamentação reflexiva, extremamente válido e fundamental, do luto, em adubo para que possamos colher as belas flores da inclusão e da Justiça!
Nosso luto é nossa luta! E que luta é essa se não a da Alteridade? Perceber, com nossa alma, a valiosa diversidade: nenhum de nós é tão bom quanto todos nós em união. Nos encantarmos com a pluralidade humana e saber que sempre que cairmos nos buracos da miséria e da necessidade, um irmão nosso pulará, não para nos resgatar, mas para nos inspirar a sair de lá. E ele se alterará profundamente nesse caminho! Cantamos, unidos ao salmista, os prazeres e delícias da união entre irmãos. O perfume da nossa solidariedade vai aniquilar o fedor do terror, da injustiça e do medo!
Recentemente, uma maravilhosa professora e amiga refletia sobre os mistérios da palavra “Shalom” (paz). Ela, no alfabeto hebraico, tem a grafia similar a “Shalem” (completude). Ou seja, para termos PAZ (“Shalom”) precisamos estar completos (“Shalem”). E como podemos experimentar a completude se não plantando sementes que farão nascer a proveitosa colheita da Inclusão?
Para “Shalom”, é preciso estar “Shalem”: é preciso lutar por um mundo “LeCulam” (para todos). Com amor.
Por André Naves – Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social, e mestre em Economia Política.