As facilidades da existência podem tornar delituosos o excesso de acomodação e de inércia que o indivíduo abriga. Como fonte de restabelecimento de energia e do equilíbrio mental para se continuar na luta, o descanso é providencial. Todavia, quando usado de maneira abusiva torna-se fonte de preguiça e outras más tendências que acabam levando ao desperdício de tempo e outros recursos disponíveis. Ter a tranquilidade nem sempre significa estar de bem como a vida. A paz interior não significa desalistar-se das lutas cotidianas no mundo, mas o contrário. De estar sempre disposto ao sacrifício e ao trabalho redentor. Por meio da paz em Cristo, há o alinhamento do ser com os propósitos cósmicos de progresso e iluminação.
O mestre Nazareno não trouxe a apatia ao mundo, mas a sua transformação. É o esforço contínuo pelo aprimoramento de si e dos outros por meio do trabalho com bondade e amor, sabedoria e presteza. Quem se voluntaria a irmandade de Cristo não descansa enquanto houver sofrimento e necessidade dos outros irmãos menos felizes. É estender não apenas a mão, mas a palavra e o coração em torno da bondade de Deus. Quem percebe as grandezas do chamamento sabe que a responsabilidade é grande e maior o trabalho vindouro. Todavia, tornam-se leves e suaves o jugo e o fardo (Mateus 11:28).
A alegria do outro e de si tornam-se combustíveis que renovam o entusiasmo e a motivação para continuar o trabalho de redenção. As riquezas dos céus não vem do ouro dourado, ou da fama passageira, mas da consciência tranquila e da alma leve para com as suas obrigações.
Paulo Hayashi Jr. – Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.