O tempo cronológico pode ser visto sob o prisma da ampulheta que escorre sem parar. Não pode ser parado, mas deve ser dignificado com as ações e atitudes que dão nobreza ao ser. É o enriquecimento do indivíduo com as virtudes e qualidades que vão além do tempo e que ilumina seu interior. Amor, compaixão, sabedoria, inteligência, experiência são aspectos que auxiliam na transposição do transitório para o permanente. Por meio da reflexão na vida, percebe-se que não adianta existir para a transitoriedade e que é essencial viver com sentidos e propósitos que vão além dos boletos financeiros ou dos ganhos materiais.
Quem se preocupa com a imaterialidade do ser, o chamado interior, a compaixão e a sabedoria do além-túmulo, faz da vida um legítimo ministério de aprendizagens e de peregrinações. Uma viagem tanto para o eu interior e o autoconhecimento, quanto a beleza e as oportunidades do presente. Por isso, a observação de Carl Gustav Jung: “aquele que olha para fora sonha. Mas o que olha para dentro acorda”.
O eminente psicoterapeuta suíço faz do autoconhecimento a maneira de retificar suas próprias fraquezas. Quem se fortalece melhora também o seu olhar para o outro. Assim, antes de ser aquele que ajuda é necessário saber se não precisa de auxílio primeiro. É falta de consideração tentar assistir o outro sem compaixão consigo mesmo. Tampouco de se orgulhar de não precisar de ninguém. Estamos todos na lida na vinha do Criador e pela cooperação vem a solidez no tempo, bem como os laços de afinidade que perdurarão pela eternidade.
Paulo Hayashi Jr. – Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.